Crônicas

Até mesmo os bolsonaristas mais ferrenhos, que, hoje, lutam a favor de uma tão propalada anistia. Doeu no bolso!

Por: Wilson Márcio Depes em 21 de julho de 2025

Poucas vezes assisti, em nosso país, a manifestações tão sólidas e equilibradas quanto as que foram lançadas contra o presidente americano, Donald Trump, que enviou carta ao presidente Lula para informar que pretende impor tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Até mesmo os bolsonaristas mais ferrenhos, que, hoje, lutam a favor de uma tão propalada anistia. Doeu no bolso!
Ora, até jornais mais conservadores, como, por exemplo, o Estadão, não poupou ninguém. Mesmo que esta coluna circule depois dos ânimos arrefecidos, cabe o registro. Serve para fazer parte de nossa história. Em síntese, como diz o próprio Estadão, da confusão de exclamações, frases desconexas e argumentos esquizofrênicos na mensagem, depreende-se que Trump decidiu castigar o Brasil em razão dos processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado e também por causa de ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas que administram redes sociais tidas pelo STF como abrigos de golpistas.
É muito achincalhe! Trump, ademais, alega que o Brasil tem superávit comercial com os EUA e, portanto, prejudica os interesses americanos. Mas encontrou um país atento. Sem dúvida, não há outra conclusão a se tirar dessa mixórdia: trata-se de coisa de mafiosos. Trump usa a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil para obrigar o País a se render a suas grotescas exigências. Ora, todo mundo sabe que os EUA têm um robusto superávit comercial com o Brasil. Ou seja, Trump mentiu descaradamente na carta para justificar a medida drástica. Pretende, despudoradamente, interferir diretamente nas decisões do Judiciário brasileiro, sobre o qual o governo federal, destinatário das ameaças, não tem qualquer poder. Talvez o presidente dos EUA, que está sendo bem-sucedido no desmonte dos freios e contrapesos da república americana, imagine que no Brasil o presidente também possa fazer o que bem entende em relação a processos judiciais. Ao exigir que o governo brasileiro atue para interromper as ações contra Jair Bolsonaro, usando para isso a ameaça de retaliações comerciais gravíssimas, Trump imiscui-se de forma ultrajante em assuntos internos do Brasil. Esse espantoso episódio serve para demonstrar, como se ainda houvesse alguma dúvida, o caráter absolutamente daninho do trumpismo e, por tabela, do bolsonarismo.