Crônicas

Resquícios do Carnaval

O Carnaval passou e deixou lembranças e saudades. Após três anos, entre pandemia e outras dificuldades, finalmente pudemos realizar o Carnaval, festa que já acontece em nossa casa há mais de 30 anos.

Por: Marilene Depes em 29 de fevereiro de 2024

O Carnaval passou e deixou lembranças e saudades. Após três anos, entre pandemia e outras dificuldades, finalmente pudemos realizar o Carnaval, festa que já acontece em nossa casa há mais de 30 anos.

Nosso Carnaval tem história, começou de uma brincadeira familiar e foi crescendo, sempre respeitando a verdadeira tradição do Carnaval, com muita música, alegria e fantasia. Pertencemos a uma geração órfã do Carnaval do Iate Clube de Marataízes, em que o maestro Zé Nogueira nos embalava com sambas e marchinhas. O Iate Clube foi morrendo com o advento dos trios elétricos, que empolgavam o povo e não onerava e nem elitizava a folia. “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”…, brancos, pretos, jovens (a maioria), velhos, crianças, ricos, pobres, gays, lésbicas, famílias, o povão enfim. Os trios elétricos alegraram e alegram o Carnaval com uma tradição que não é nossa, o ritmo que tocam é o axé importado da Bahia e as coreografias substituem o samba no pé. Assim como o frevo surgiu da tradição nordestina, principalmente de Olinda e Recife.

Como defensora que sou das tradições, Carnaval legítimo é animado com sambas e marchinhas, podendo até inserir algum axé ou frevo em seu contexto. Percebo hoje a juventude em pleno Carnaval se divertindo ao ritmo do Funk, e bailes de Carnaval tocando até Rock and Roll. Felizmente as grandes metrópoles como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, estão aderindo cada vez mais ao desfile das Escolas de Samba e o povão se esbalda nos blocos de rua. O Regional da Nair em Vitória é um fenômeno extraordinário e que só cresce. O que chama a atenção nos blocos de rua é a irreverência com que o povo satiriza o contexto político e social do momento. Não há festa tão democrática como nosso Carnaval e enquanto eu tiver vida e saúde, manterei viva a chama da folia. E enfatizo que em Marataízes o Carnaval tem história, que começou no Iate Clube com Élcio Sá, e que teve continuidade com tantos mais, como Dona Balbina, o bloco Unidas do Aquidabã representado por figurões da sociedade, hoje bloco das Piranhas, o bloco da Saudade dos Tófano, o bloco Boi Olá, o bloco do Oi, o bloco Peroá das 12 que se concentrava no Condomínio dos Vivácqua e que arregimentava milhares de foliões, e até o animadíssimo bloco Bote Fé da Igreja Católica. Desculpem se esqueci de nomear algum mais. E quero publicamente agradecer a Anderson Del Puppo e sua equipe que possibilitaram a realização do nosso Carnaval neste ano. E… “não deixem o samba morrer, não deixem o samba acabar”…