Crônicas

Falando do Rei

Atendendo a um chamado do coração fui ao cinema prestigiar o Rei. Ninguém recebe um título dessa envergadura sem merece-lo, a não ser quem se origina de famílias monárquicas.

Por: Marilene Depes em 23 de dezembro de 2019

Atendendo a um chamado do coração fui ao cinema prestigiar o Rei. Ninguém recebe um título dessa envergadura sem merece-lo, a não ser quem se origina de famílias monárquicas. Não, trata-se de um Rei que veio de família humilde, de uma cidade do interior, com uma deficiência grave, e que tinha o dom de cantar e uma força interior que se sobrepunha às dificuldades. Falo de um menino tímido que tinha tudo para se tornar um complexado, infeliz e medíocre, se analisarmos pela lógica – um coitadinho.
E esse menino de Cachoeiro de Itapemirim começou a cantar aqui na Rádio Cachoeiro e daqui foi para o Rio de Janeiro, sozinho com seu dom e sua determinação. Nenhum mecenas rico ou famoso para apadrinha-lo. E foi despontando no cenário nacional cantando suas baladas e rocks, se juntando a outros jovens idealistas como ele, compondo suas canções, e sua fama se espalhou quando passou a ter o seu próprio programa na TV. A Jovem Guarda era o programa de maior audiência, que lançava novos talentos e arrebatava a juventude.
E ele foi se tornando famoso com suas composições românticas, músicas que tocam o coração, que falam de sentimentos que nunca morrem e que emocionam. Seu repertório é vasto, nunca foi um cantor de alguns sucessos e sim de centenas deles. Sua fama se espalhou pelo mundo, foi vitorioso em Festival de música na Itália, é reconhecido internacionalmente, pudemos ouvir suas músicas sendo tocadas em cidades como Miami e Madri, e as pessoas se emocionam quando informamos que somos da cidade do Rei.
Talvez para os jovens de hoje, que admiram ídolos que surgem e desaparecem – cantores de um ou dois sucessos e que nem emplacam um terceiro, entender que manter-se na mídia por mais de meio século é um feito para um artista magistral, enfim de um Rei. Que lota estádios até hoje, aqui no Brasil e por qualquer cidade do mundo onde se apresente, que dirige sua carreira com dignidade e ética, nunca se envolvendo em escândalos, e mantém uma equipe que o acompanha por décadas, o que significa o respeito com que deve trata-la. Que monta cada show com tanta precisão que não existem falhas. E que lança um filme lindíssimo, um documentário e show em Jerusalém, em que fala da sua fé e canta em vários idiomas, até em hebraico, língua pátria dos israelenses; canta ópera e sua performance da Ave Maria de Schubert leva o público às lágrimas. Roberto Carlos é Rei, ontem, hoje e sempre.