Artigo
Ainda há esperança?
Foi em um fim de semana, estava no apartamento e cumpria a primeira tarefa do dia: limpeza das xícaras e talheres do café da manhã. Uma maneira que tenho de estar comigo mesmo
Por: Sergio Damião em 4 de dezembro de 2024
Foi em um fim de semana, estava no apartamento e cumpria a primeira tarefa do dia: limpeza das xícaras e talheres do café da manhã. Uma maneira que tenho de estar comigo mesmo. Deixei o apartamento e segui pelos lugares que gosto de estar na orla de Vila Velha: Calçadão da Praia de Itapuã e no Quiosque Havana do Shopping Praia da Costa. No Calçadão da Praia entro em contato com a água do mar e suas cores variadas. No fluxo e refluxo de suas ondas sinto-me diferente. Diferente também ao tocar a areia branca e nas folhas da restinga que se renovam a cada sábado que as reencontro. Reencontro em caminhadas isoladas, ainda assim, sem solidão, pelo contrário, conectado ao mundo: família, amigos e ao restante de transeuntes de passos rápidos junto a mim. Ao caminhar junto as areias e o mar de Itapuã, perante a água azul do seu mar, temos um pequeno paraíso terrestre. Foi um dia diferente, repensar a vida, mesmo pensando no dia de nossas mortes. Sim, ainda que feliz com a vida que tenho, pensei em nossa finitude, sem sofrimento, pois a única certeza da nossa existência: um dia morreremos. Antes da chegada ao Quiosque Havana, pensei como um Árabe e desejei: uma Vida longa e Morte rápida. No shopping, recebi da poetisa cachoeirense Simone Lacerda, Decomposição: “Ainda acredito na vida desenfreada, sem prestação de tempos e de acordos com alto preço […] Ainda acredito que marés anunciam luas e períodos de frio, que meus pés encharcados embalsam minha alma tantas vezes atordoada que se encoraja toda vez que a manhã se anuncia […] Acredito no conforto do outro, embora eu seja desconfortável, dado em meio as minhas crises de sangue, de espirito moribundo, de desordem existencial cravada em devaneios…” Com o livro aberto para a leitura, encontrei um amigo cachoeirense. Professor, um filósofo (desejo de conhecimento e admirador das virtudes), sentou-se e iniciamos uma conversa. Logo, contou de suas conversas com alunos adolescentes. Uma das perguntas intrigou o amigo. A adolescente questionou: Com tudo que estamos assistindo, como guerras, violência, mudanças climáticas, destruição da natureza, conflitos sociais… Ainda há esperança? Bem… Ele tinha vivido, recentemente, momentos tristes, perdas… Na luz de sua sabedoria. Ele disse…