Crônicas
Falta samba!
Tempos atrás visitei Buenos Aires, lembro que perguntei ao motorista do táxi sobre um bom local que pudesse assistir os Portenhos dançando o tango.
Por: Sergio Damião em 3 de setembro de 2025
Tempos atrás visitei Buenos Aires, lembro que perguntei ao motorista do táxi sobre um bom local que pudesse assistir os Portenhos dançando o tango. Para minha surpresa, respondeu que o tango era coisa de profissionais e artistas e dirigido aos turistas. Perguntei das milongas, insistiu: coisa para turista. Tempos depois, fui em um encontro de casais. A maioria, quase todos, não sabia sambar. O que ouvimos é que o samba está no sangue do brasileiro, assim como o futebol. Não acredito ser inato ao brasileiro. A facilidade para o futebol sempre foi uma realidade para a maior parte da população. Mais para os homens. Mas o processo de formação de um bom jogador de futebol está se restringindo, como no samba, para as Escolas. Os campos de várzeas, os campos nos terrenos baldios desapareceram gradativamente, e com eles desapareceram os meninos peladeiros, os com bolas de meia, a alegria e os craques da espontaneidade. Atualmente são formados pelos clubes, escolinhas sem a arte, mais com os músculos. Voltei a pensar no motorista do táxi argentino, acho que ele não estava de mau humor, e sim, foi verdadeiro. Admitiu o que nós brasileiros não reconheceríamos, assim como ele não dança o tango, não sabemos sambar. O samba aparece no carnaval, reservado à Sapucaí, para o turista. Também nos morros em ensaios das Escolas de Samba e em exibições. Muito pouco nas festas, e menos ainda nas praias, um bom local no verão. Assim, a maioria das crianças e adultos, vêem falar de samba e não sabe exibir nosso ritmo e dança mais conhecida mundo afora. Interessante que, estávamos em Buenos Aires, em uma casa intitulada Museu do Tango, ao tomarem conhecimento de sermos brasileiros, o apresentador e os músicos tocaram em um ritmo que se assemelhava ao samba e pediram a uma das brasileiras presentes que sambasse. Nada! Ela não sabia sambar. Na dança ou futebol a graça está na arte, espontaneidade. Porém, como não existem os locais para o aprendizado natural, a disciplina e o estudo com os profissionais tornam-se de suma importância. Nós brasileiros adoramos opinar naquilo que não conhecemos adequadamente. O exemplo maior é do presidente, opinião muitas vezes equivocada. Errar no tango, no futebol ou no samba não traz nenhum malefício. Mas na política, economia, educação e saúde são outros quinhentos.