Crônicas

Pelas ruas

Popularidade de políticos, governo e até pessoal. Isto é, pelas ruas de uma cidade, conhecemos em minúcias seus habitantes.

Por: Sergio Damião em 9 de setembro de 2025

A rua é um bom local para avaliação de uma sociedade. Reflexo exato de um povo. Coisas coletivas e individuais. Tais como: limpeza pública, coleta de lixos, segurança, riscos de acidentes, qualidade de transportes, cuidados e embelezamento de logradouros, comportamento e comprometimento dos cidadãos, folclore local. Nas placas informativas conhecemos ídolos e nomes de pessoas ilustres. Popularidade de políticos, governo e até pessoal. Isto é, pelas ruas de uma cidade, conhecemos em minúcias seus habitantes. Suas riquezas sociais e culturais. Caminho como hábito iniciado na adolescência e início da idade adulta. Gostava das domingueiras do Clube Náutico Brasil, na Vila Rubim, bem próximo ao Sambão do Povo – local de desfile das Escolas de Samba Capixaba. No fim da noite, início da madrugada, junto aos irmãos e amigos, caminhava um bom tempo no retorno para casa, no Bairro Santo Antônio. Meu pai alertava: caminhe pelo meio da rua, nesse horário o trânsito de carros é pequeno, e caso apareça algum bandido por um dos lados da rua, você ganha tempo e tem uma boa vantagem em distância para a fuga. Apesar de passar próximo ao Morro Alagoano, Alto de Caratoíra, poucas foram as corridas. Mesmo com os alertas, sentia-me seguro. Bem mais que em veículos motorizados atuais. Assim, cresci com o hábito de caminhar no meio das ruas. Em Cachoeiro, vejo que o conselho do meu pai parece ser coisa de capixaba, mais ainda de cachoeirense. Pela manhã, logo cedo, a rua que liga a Avenida Francisco Lacerda de Aguiar à Santa Casa é disputada entre carros e transeuntes. Não parece estar relacionado com as condições das calçadas, pois, calçamento, qualidade de asfaltos e calçadas, no Brasil, é sinônimo de serviço ruim e péssimo gosto. Portanto, caminhar pelo meio da rua, é comportamental. Apesar da riqueza cultural das nossas ruas, fico com a impressão da necessidade de serem melhor cuidadas, algo como: informação sobre quem a nomeia e, para segurança, iluminação e câmeras de monitoramento. Por hábito ou falta de placas identificativas, gravo a rua por aquilo que oferece: rua dos bancos; rua da Santa Casa… Quanto ao número do logradouro: nunca encontramos. Da infância nunca esqueci a rua onde nasci: Rua Caboclo Bernardo (herói dos mares do norte capixaba); em Cachoeiro, moro junto a Bernardo Horta (Newton Braga dizia ser o maior dos cachoeirenses).