Crônicas
Revelação em Pompéia
Viajando pelo sul da Itália, em Nápoles a guia turística nos levou até as ruínas de Pompéia, cidade romana fundada pelos gregos e dizimada pelo vulcão Vesúvio, no ano de 79 d.C.
Por: Marilene Depes em 1 de outubro de 2025
Viajando pelo sul da Itália, em Nápoles a guia turística nos levou até as ruínas de Pompéia, cidade romana fundada pelos gregos e dizimada pelo vulcão Vesúvio, no ano de 79 d.C. O vulcão lançou uma enorme quantidade de lava, cinzas, gazes tóxicos e pedras que soterrou a cidade. Estima-se que morreram cerca de 2.000 pessoas, pelo efeito dos gases, do calor e da lava. Pompéia ficou preservada por séculos sob as camadas das cinzas vulcânicas. Sua descoberta permitiu excelente estudo arqueológico da vida do povo na Antiguidade.
Caminhando através das ruínas descobertas, entra-se em contato com a arquitetura, os costumes, a arte, a vida social, numa cidade formada por lojas, templos, tavernas, banheiros públicos, casas de banho – não havia água encanada, a água que utilizavam era colhida das chuvas e preservada, arenas – onde ocorriam lutas de gladiadores, residências luxuosas e outras simples, com paredes adornadas pelas pinturas que se conseguiu preservar. As ruínas são visitadas por milhares de turistas, através de grupos acompanhados por agentes, que explicam detalhes da arquitetura e história da cidade. Hoje, nas arenas são apresentados shows, orquestras e peças teatrais.
Dos costumes pude constatar que, as casas das famílias eram ambientes bastante fechados, e nelas as mulheres residiam reclusas, as mais abastadas possuíam escravos, muitas trabalhavam como tecelãs, não exerciam cargos públicos, porém a história cita algumas que alcançaram à condição de sacerdotisas.
Caminhando pelas ruas chegamos a um setor da cidade onde viviam as lobas, nome dado as mulheres livres, numa situação de liberdade que as demais não usufruíam sob a domesticação histórica. E por aquelas ruas associei as lobas de Pompéia com “As Mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pínkola Estés, em que a autora estimula as mulheres a viver em liberdade e a acolher a sua natureza selvagem. Clarisse não estimula a promiscuidade, mas sugere as mulheres seguirem sua intuição interior, e a viver intensamente a própria natureza. Chico Buarque sugere que miremos nas mulheres de Atenas, discordo e priorizo as lobas de Pompéia que andavam livremente pelas ruas, ou àquelas que correm com os lobos seguindo seu instinto selvagem.