Crônicas

Me encanta…

Com a pandemia do novo coronavírus – Covid-19, passeios e viagens estão adiadas por tempo indeterminado.

Por: Sergio Damião em 6 de julho de 2020

Com a pandemia do novo coronavírus – Covid-19, passeios e viagens estão adiadas por tempo indeterminado. Além da leitura, gosto na Netflix e YouTube de acompanhar os viajantes profissionais pelos quatro cantos do Brasil e do mundo. Revi o Uruguai de anos atrás. Na chegada à Montevidéu um Mural me chamou a atenção, estava escrito: Me encanta. Um termo espanhol que significa tudo da emoção. Com ele, e a sonoridade apropriada, já estamos encantados, não precisamos de mais nada, nem ver ou ouvir. Dependendo do dia, com o vento forte e frio, mais pela manhã, parece que os dizeres nunca vão se concretizar. Mas, o aparecimento do sol desperta o desejo de caminhar ao lado do rio e as palavras se tornam verdadeiras. Uruguai é do tamanho do estado da Bahia, com uma população do Espírito Santo. Diferente do portenho é um povo tranquilo. Mostram energia e garra quando o assunto é política e futebol. O Centenário foi o primeiro estádio de futebol da América Latina, sede da primeira Copa do Mundo (1930). Um patrimônio histórico da humanidade. As cores pretas e amarelas se sobressaem, são as cores do Clube Penarol e as cores dos taxis. Seguindo o rio da Prata chegamos a Punta del Este. A imponência dos prédios, casas e cassinos contrastam com a simplicidade das pessoas de Montevidéu. Apesar da ostentação do balneário, ela se restringe aos estrangeiros do verão. O Uruguai possui os melhores índices de desenvolvimento humano dos latinos, justifica a baixa mortalidade pelo Covid-19 em suas terras. Lá, os portugueses fundaram a Colônia del Sacramento, 300 anos atrás. Um patrimônio histórico, muito bem cuidado. Por um breve tempo do primeiro Império pertenceu ao Brasil. Na pintura se apresenta Carlos Paéz Vilaró, amigo de Vinicius de Moraes. Vinicius visitou sua casa, próxima a Punta del Este, hoje museu, e para ela escreveu em sua fase de construção: “Era uma casa muito engraçada/ Não tinha teto/ Não tinha nada…” Nas danças folclóricas sofre influência de italianos e negros. A força se encontra no “Candombe” e o artista canta para o afro descendente: “Y es el grito de esta Raza que se trepa a los tejados para cantar sus cantares, tan libres como los pajaros.” Tão livres, como os pássaros…