Economia

Pix começa a valer: qual o impacto para bancos e empresas de pagamento?

No entanto, se engana quem pensa que o Pix será um desastre para os bancos, como pode parecer à primeira vista, já que o novo sistema tende a reduzir consideravelmente o número de operações via DOC e TED, que hoje são cobradas pelas instituições financeiras.

Por: Redação em 16 de novembro de 2020

 

Novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o Pix começa a funcionar sem restrições nesta segunda-feira (16). Com a promessa de acabar com as taxas de transferência e permitir operações 24 horas por dia, sete dias por semana, o Pix impactará diretamente não apenas na vida das pessoas, mas também de bancos e empresas.

No entanto, se engana quem pensa que o Pix será um desastre para os bancos, como pode parecer à primeira vista, já que o novo sistema tende a reduzir consideravelmente o número de operações via DOC e TED, que hoje são cobradas pelas instituições financeiras.

O Itaú, por exemplo, diz que taxas de TEDs e DOCs representam menos de 1% da receita de serviços do banco, e seu presidente Candido Bracher ainda cita o aumento no número de brasileiro bancarizados, que deve ser estimulado com o Pix, como um dos benefícios: “O Pix vai trazer reflexos importantes no mercado financeiro e deve beneficiar o Itaú com a bancarização de uma parte importante da população. Por outro lado, é de se esperar que boa parte dessas pessoas passe a usar o Pix ao invés de TEDs e DOCs. Isso deve ter um impacto inicial nas receitas com conta corrente do banco. Mas essas receitas representam menos de 1%, então esse impacto deve ser moderado“.

A agência de classificação de risco Moody’s, por sua vez, afirma que até 8% das receitas de taxas dos bancos deve desaparecer — o que é significativo, mas está longe de ser um grande problema: em 2019, os bancos brasileiros, somados, ganharam 2,2 bilhões de reais em processamento de TEDs e DOCs e outros 5 bilhões em boletos; ao mesmo tempo, apenas os quatro maiores bancos do país registraram lucro líquido de 81,5 bilhões de reais no período.

A receita com taxas de transferência e boletos não vai desaparecer instantaneamente, permitindo que os bancos se adaptem à nova realidade sem grandes prejuízos. Relatório do Morgan Stanley, por exemplo, não apenas afirma que “o Pix está fazendo mais barulho do que o necessário”, como ainda calcula que somente 2,7% da receita total dos bancos venham dos produtos potencialmente ameaçados pelo Pix, como transferências, boletos, pagamentos com cartão de débito e saques em caixas eletrônicos.

“Vemos um alto risco do Pix interromper as transferências eletrônicas e boletos, que são produtos bancários populares, mas caros e altamente ineficientes, mas vemos um risco muito baixo do Pix substituir os cartões de débito”, afirma o relatório, que também mostra que, se TEDs, DOCs e boletos renderam pouco mais de 7 bilhões de reais para os bancos em 2019, outros 35 bilhões vieram de taxas para manutenção de contas correntes. “Existe uma cultura profundamente enraizada de pagamentos com cartão. Quase todo mundo no Brasil carrega um cartão na carteira. Cerca de dois cartões de débito e um de crédito por adulto. Os gastos com cartão totalizam 39% do consumo pessoal”, diz o banco.

Ao mesmo tempo, a redução no uso de dinheiro físico que o Pix pode proporcionar seria positiva para as instituições financeiras, que gastam cerca de 10 bilhões de reais por ano com transporte e guarda de numerário, fora as despesas com segurança.

 

Fonte: Exame PME