Crônicas

Amor incondicional

No jornal da TV assisti um fato inusitado. Uma casa pegando fogo e a mulher presa no terraço, com o fogo consumindo tudo.

Por: Marilene Depes em 18 de agosto de 2025

No jornal da TV assisti um fato inusitado. Uma casa pegando fogo e a mulher presa no terraço, com o fogo consumindo tudo. Ela gritava por socorro, o vizinho ouviu e corajosamente arrebentou a parede que dividia sua casa com o terraço da casa em chamas, e salvou a mulher desesperada. O repórter encerrou a matéria informando que o marido já se salvara anteriormente, com os dois filhos do casal. Olhei para meu marido sentado ao meu lado e perguntei: – Você seria capaz de me abandonar numa situação dessas? E ele respondeu que nunca o faria, que por toda vida foi e sempre será meu provedor e protetor.

Alguns dias depois, em reunião familiar, eu narrei esse fato, e teve quem questionasse que para salvá-la o marido teria que penetrar no fogo, e com a mais absoluta segurança eu afirmei que meu marido o faria. O que me dá tal garantia? Décadas de convivência em que sempre esteve do meu lado, sofrendo comigo nos momentos de dor e se alegrando nas minhas vitórias. Durante período em que estive mergulhada em severo tratamento, ele realizou obras em nossa casa para que eu não me desapegasse da vida. Me proporciona sempre o melhor, não me lembro, mesmo durante “as vacas magras”, deixando de me garantir um carro em boas condições para eu trabalhar e atender à família, sempre melhor do que o dele.

Rememoro o passado e não me lembro de ter pagado sequer uma conta de casa, do carro, dos filhos, e por aí vai. Parece incoerência uma feminista, independente, e que nunca teve que dividir as contas num restaurante. Como sempre trabalhei, procuro assumir as minhas despesas e vou pagando extras, os quais, muitas vezes ele nem tem conhecimento. Meu marido faz parte de uma geração de homens que assumiram à condição de provedores como compromisso natural, como natural foi para ele construir nossas casas, formar filhos e netos e dar-lhes condições de seguirem adiante, e de colocar em prática um sonho meu, a Vila Aconchego, e administrá-la com toda competência.

Nada me falta, providencia carro para que eu possa atender todas minhas demandas e que são muitas, se preocupa com minha alimentação, além de me conceder apoio concreto, em tudo e sempre. Além de acolhimento irrestrito a todos meus familiares e amigos. E como retribuir tanto? Procurando supri-lo em suas dificuldades e com parcela idêntica de amor incondicional.