Economia

Como a alta da Selic impacta a nossa vida

A taxa Selic é uma das principais ferramentas que o Banco Central utiliza para controlar a inflação. Essa taxa, também chamada de taxa básica de juros, é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional

Por: Redação em 29 de agosto de 2022

Rafael Ferrari, Assessor de Investimentos

Muito se ouve falar em taxa Selic, IPCA, CDI, entre outras palavras e termos não tão comuns no nosso dia-a-dia. Mas qual o impacto de tudo isso na nossa vida? Não é fácil entender de maneira simples quando os termos e siglas são escritas de maneira técnica. Quando estamos preocupados com nossos empregos, negócios, empresas e os muitos afazeres diários, não conseguimos (e muitas vezes não queremos) parar e tentar entender o cenário econômico.

A taxa Selic é uma das principais ferramentas que o Banco Central utiliza para controlar a inflação. Essa taxa, também chamada de taxa básica de juros, é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e influencia todas as operações financeiras feitas no país, incluindo as que você faz diariamente, ou seja, seu investimento em renda fixa, seu saldo na caderneta de poupança, o financiamento daquele carro dos sonhos, e até a compra parcelada em dez vezes no cartão.

E como isso é feito na prática? Quando a taxa Selic está em níveis mais baixos, as taxas de juros praticadas por bancos também são reduzidas, isso faz com que mais empréstimos sejam feitos pela população e os investimentos em renda fixa, os famosos CDBs, fiquem menos atrativos. Mais empréstimos e financiamentos significam mais investimentos nas empresas, e menos dinheiro aplicado nos CDBs dos bancos significa mais dinheiro aplicado em investimentos de maior risco, que fazem movimentar mais a economia. Sendo assim, com a taxa Selic mais baixa temos mais consumo e mais dinheiro em circulação, consequentemente mais inflação. Com a Selic mais alta temos menos dinheiro circulando na economia, freando a inflação.

Voltando um pouco no tempo para entendermos os ciclos da economia, no final de 2016 a taxa Selic começou a ser aos poucos reduzida devido ao ajuste fiscal (controle de gastos do governo) e a redução do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), ou seja, inflação. Em outubro daquele ano a Selic teve sua primeira redução em muitos meses, saindo de 14,25% ao ano para 14,00%, e só parou de cair em agosto de 2020, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) estipulou em 2% ao ano a nossa taxa básica.

A economia sofreu um grande impacto com a pandemia do COVID-19, e os governos tiveram que lidar com um problema nunca enfrentado numa economia globalmente interligada, gerando uma inflação generalizada em praticamente todos os países do mundo. Dessa forma, em março de 2021 tivemos a primeira alta na Selic desde 2016, saindo de 2,00% ao ano para 2,75%. Desde então ela vem subindo gradativamente, e a Guerra na Ucrânia só fez colaborar com essa expectativa de alta. Hoje ela encontra-se na casa de 13,75% ao ano, enquanto a inflação começa, agora, a dar sinais de desaceleração.

Nos resta aguardar os desfechos dos muitos acontecimentos que vêm influenciando a economia mundial: a pandemia acabou? Quanto tempo ainda vai durar a guerra na Ucrânia? Teremos confronto entre China e Taiwan? Os EUA ajudariam os vizinhos da China? Muitas perguntas ainda sem respostas são questões chaves para o andamento da inflação no mundo, para a taxa Selic na nossa economia e para o real valor do dinheiro no seu bolso.