Artigo

Competitividade no setor financeiro: Quem ganha?

Não faz muito tempo que para abrir uma conta ou fazer qualquer operação bancária, era necessário ir até uma agência. Além de burocráticos, os serviços bancários tinham um alto custo.

Por: Redação em 29 de novembro de 2021

 

Não faz muito tempo que para abrir uma conta ou fazer qualquer operação bancária, era necessário ir até uma agência. Além de burocráticos, os serviços bancários tinham um alto custo, o que impedia o acesso de grande parte da população. Ao fazer um pagamento com cartão de crédito, ouvia-se a clássica pergunta: “Visa ou Master?”. Até 2010, essas bandeiras tinham, juntas, mais de 90% do mercado de meios de pagamentos.

Essa dinâmica vem mudando desde 2010, graças à evolução tecnológica e à redução de barreiras pelo Banco Central do Brasil (BCB). Percebendo que a concentração dos serviços financeiros os tornava mais caros, o BCB passou a editar regras pró-competição, favorecendo a entrada de novas empresas no mercado, especialmente as fintechs – startups do setor financeiro – que trouxeram novos modelos de negócios, focados mais no usuário do que no produto. É o caso da capixaba PicPay, fundada em 2012, que oferece carteira digital para realização de diversas forma de pagamentos via aplicativo. Foi também em 2010 que os smartphones se popularizaram, possibilitando que cada vez mais pessoas pudessem fazer transações online.

Com o aumento da competitividade quem ganhou foi o consumidor. Houve redução de tarifas, pois a prestação de serviços de forma digital gerou economia de custos, que pôde ser repassada aos clientes; o atendimento ficou mais rápido e personalizado, já que o grande volume de dados permitiu traçar perfis mais detalhados dos clientes; e ocorreu, ainda, a inclusão financeira de pessoas que, ou estavam insatisfeitas com o modelo tradicional, ou não tinham acesso aos serviços. Os bancos mais convencionais foram pressionados a inovar.

Essa foi só a 1ª onda de mudanças no setor financeiro. Atualmente, vivemos a 2ª onda marcada pelo aumento da digitalização. Já parou para pensar como a forma de fazer transações financeiras mudou muito em pouco tempo?

Exemplos recentes são o pagamento por aproximação, que ganhou força na pandemia, e o PIX, que, retirando a participação dos intermediários, tornou as transferências mais econômicas e ágeis. Segundo os dados do Instituto Propague, em 2010 os pagamentos com celular representavam 0.5% e, em 2019, saltaram para 50%.

Em um futuro próximo teremos mais mudanças – é o que promete a agenda do BCB – e a tendência é de que a simplificação de regras e a transformação digital ampliem a competitividade, tornando o sistema financeiro cada vez mais seguro, inclusivo e barato. Felizmente.

 

Amanda Carvalho é advogada, especialista em Direito Civil e Processual Civil, sócia do David & Athayde Advogados.