Artigo
Cosme e Damião
Santos populares desde a Idade Média. Gêmeos. Sicilianos de nascimento. Médicos. Damião se esmerava no preparo dos medicamentos.
Por: Sergio Damião em 5 de outubro de 2020
Santos populares desde a Idade Média. Gêmeos. Sicilianos de nascimento. Médicos. Damião se esmerava no preparo dos medicamentos. Foram perseguidos pelos romanos com o fogo e água até a decapitação pelo pro cônsul Lísia a mando do imperador Diocleciano. Descansaram juntos no ano de 285. Dia 27 de setembro. Após a morte iniciaram os milagres. O mais conhecido foi atribuído a um sacristão que recebeu a perna de um etíope falecido. O membro foi transplantado no moribundo com gangrena. A tela alusiva a este transplante foi pintada por Fernando Galego (Fernando Del Rincón) e Frá Angelico e encontra-se no Museu de São Marcos, em Florença. O crânio de São Cosme encontra-se guardado na Catedral de Ímola. Venerados pelos católicos, candomblé, batuque, xangô do nordeste e a umbanda – verdadeiro sincretismo religioso. Principais templos: Convento das Clarissas (Madri) e Basílica dos Santos Cosme e Damião (Roma). Padroeiros das crianças, cirurgiões e farmacêuticos. A primeira e mais antiga associação médica da Europa a reunir cirurgiões foi a Confrerie et College de Saint Côme, em Paris, 1226, durou até a Revolução Francesa. São, também, os santos padroeiros dos transplantes. Por isso, o setembro verde, mês da Doação de Órgãos e Tecidos. Eu me chamaria Cosme Damião. Meu pai fez a promessa, não fiquei sabendo a razão, a decisão foi tomada bem antes de nascer e antes, ainda, dos meus outros seis irmãos. Minha mãe não concordou. Ele manteve a promessa e aceitou Sergio Damião. Lembro bem das festas de 27 de setembro, da música em homenagem aos santos, uma festa tradicional no bairro de Santo Antônio, em Vitória. Ele cumpriu a promessa na primeira fase da minha vida. Nos meus primeiros dez anos. Quando na adolescência, as festas deixaram de existir. Diminuíram em todo o bairro. Passei à escola e por muito tempo deixei de lembrar os santos. Lembro agora com a leitura do livro Admirável Mundo Médico, do anatomista Armando Bezerra, radicado em Brasília. Lembrei-me da alegria do meu pai com a doação de balas, das crianças do bairro, a maioria desconhecidas, da alegria de todos nós. Com a morte do pai, perdi o apelido e a inocência da infância. Permanece o desejo de dias melhores para as crianças do mundo, mesmo que a doação de doces, balas e guloseimas tenham diminuído pelo Brasil afora.