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Dia dos Pais

O meu pai, para todas as minhas sensações e sentimentos, foi o que mais me influenciou. Em suas ações me fez conhecer o circo, o mar, o contato com a bola de futebol, minha primeira bicicleta...

Por: Sergio Damião em 10 de agosto de 2020

O meu pai, para todas as minhas sensações e sentimentos, foi o que mais me influenciou. Em suas ações me fez conhecer o circo, o mar, o contato com a bola de futebol, minha primeira bicicleta… No momento certo retirou as “rodinhas” de segurança e me deu a liberdade de pedalar em duas rodas por minha própria conta e risco. Com ele, realizei meu primeiro passeio de barco pela baía de Vitoria. Nas férias escolares, na boleia do caminhão, de cidade em cidade, de Colatina até a divisa da Bahia e por todo o norte do Espírito Santo, eu o seguia. Em várias noites de hotéis eu aproveitava sua presença. Meu pai… Nessa semana, semana dos dias dos pais, em agosto, mês que ele faria mais um ano de existência, com o isolamento social, por conta do novo coronavírus – Covid-19, senti saudades. Senti
saudades de muitas outras coisas, mas a saudade maior eu senti do meu pai. Meu pai era um homem de defeitos e acertos, mas na infância e adolescência, era como um super-herói. Achava que ele tudo podia. Como uma magia. Fui crescendo, e percebendo que, o meu pai era como os outros pais, um ser humano com erros e acertos, mais acertos do que erros. Um ser humano com fragilidades e limites. Fui percebendo, e tive a certeza, quando me tornei pai. Fui crescendo, e percebendo que, aos olhos do meu pai, o quadro se alterava. Aos olhos dele eu passei a ser a referência dos poderes, passei a ser aquele que tinha a força. Ele foi envelhecendo e se fragilizando, passei de filho a pai e me transformando no super-herói do meu pai. Herdava as angústias das fragilidades e limites dos seres humanos. Meu
pai, gradativamente, tornava-se um homem necessitado de cuidados físicos, apesar da memória e rapidez do raciocínio. Com o tempo alternamos: a grandeza de cuidar e a humildade de se deixar cuidar. Anos atrás ele se foi. Agora, em novo estágio de vida: sou filho e pai e me tornei avô. Os netos Bernardo e João Vitor possuem os pais para
chamarem de super-heróis e um avô para orientar nas coisas boas da vida. Pena que, o distanciamento físico e social, imposto pela pandemia viral, impeça o olhar nos olhos. Ainda assim, mesmo por via digital, na pequena imagem do celular, é possível aproveitar os instantes de emoções vividas e aquelas que ainda temos para viver.

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