Cultura

Mulheres negras são estrelas de exposição fotográfica em Vitória

Marilene Pereira, idealizadora do projeto e integrante do Movimento Negro Unificado (MNU/ES), disse que o projeto surgiu do questionamento da invisibilidade das mulheres pretas.

Por: Redação em 31 de maio de 2023

Marciane Pereira dos Santos, diarista que teve 40% do corpo queimado pelo marido, é uma das modelos de exposição fotográfica

 

Dez mulheres negras, moradoras da Região Metropolitana de Vitória, da cidade de Ibiraçu, na Região Norte, e de Alegre, na Região Sul do estado, são estrelas da exposição “E Eu, Mulher Preta?”, que está em cartaz até o dia 12 de agosto na Galeria de Arte Homero Massena, em Vitória. A visitação é gratuita.

Marilene Pereira, idealizadora do projeto e integrante do Movimento Negro Unificado (MNU/ES), disse que o projeto surgiu do questionamento da invisibilidade das mulheres pretas e tem como foco ressignificar suas identidades por meio de fotografias artísticas.

“Foi com base na história de vida delas [das modelos fotografadas] nas regiões em que moram, na forma como são conhecidas em seus universos. A gente escolheu dar visibilidade às diversas potencialidades dessas mulheres”, disse Marilene.

Marilene disse ainda que a ideia do projeto se concretizou com a sua imersão na literatura feminista negra. O livro de Bell Hooks intitulado “E Eu Não Sou Uma Mulher?” e o discurso de Sojourner Truth serviram de inspiração para o nome da exposição.

As imagens apresentadas pelas lentes das fotógrafas Ana Luzes, Luara Monteiro, Taynara, Barreto e Thais Gobbo trazem para o debate o empoderamento coletivo como estratégia de resistência; questões como a violência contra a mulher negra; padrões de beleza impostos pela sociedade eurocêntrica; os afetos; o autoconhecimento; e práticas e tradições religiosas de matriz africana.

Uma das modelos da mostra é a diarista Marciane Pereira dos Santos, que teve 40% do corpo queimado pelo marido, André Luiz dos Santos em setembro de 2018. Após o ataque, Marciane precisou amputar uma das pernas, perdeu dedos de uma das mãos e ficou 151 dias internada. Condenado a 32 anos de prisão, o homem morreu na prisão em março deste ano.

Em entrevista, Marciane definiu a experiência de ser fotografada para a exposição como única.

“Nunca tinha participado de uma exposição. Essa é a primeira vez. Pra mim foi uma experiência única com gostinho de quero mais”, disse Marciane.

Marciane contou que no dia na inauguração, no último sábado (27), recebeu muito carinho das pessoas.

“As pessoas olhavam a foto, se debruçavam em cima de mim, choravam e falavam: ‘parabéns pela sua história. Você é guerreira'”, contou Marciane.

Marciane também destacou como se sentiu acolhida durante o processo de produção das fotos.

“A exposição trás uma realidade. Ali conheci mulheres com várias histórias, as fotógrafas, a direção, são mulheres incríveis. Me senti mega acolhida. Elas não foram atrás de uma foto, mas de histórias. Essa exposição é como se ela me impulsionasse a dar continuidade ao que faço. A arte é algo que não deveria ficar escondido. A exposição é única. Sem palavras. Já estou na expectativa das próximas edições”, contou Marciane.

 

Exposição “E Eu, Mulher Preta?”

Local: Galeria Homero Massena, na Rua Pedro Palácios, 99, Cidade Alta, Vitória
Visitação: segunda a sexta, das 9 às 18h, e sábados e feriados, das 10 às 16h
Entrada: gratuita
Quando: Até 12 de agosto

 

 

Fonte: Empoderamento e resistência: Mulheres negras são estrelas de exposição fotográfica em Vitória | Espírito Santo | G1 (globo.com)