Crônicas

Esclarecimentos

O controle numa ILPI é difícil, pela fragilidade dos abrigados, pela proximidade entre eles e a necessidade de cuidados que requerem muita intimidade com os cuidadores, estes que mantém vida normal fora da entidade.

Por: Marilene Depes em 22 de junho de 2021

Sou proprietária de um lar para idosos, hoje denominado Instituição de Longa Permanência para Idosos, ou ILPIs. Quando teve início a pandemia tivemos grande preocupação com a segurança dos nossos idosos institucionalizados, as notícias que recebíamos da Europa onde a pandemia se alastrava era da mortandade em massa dos idosos, principalmente dos abrigados, cito como exemplos a Austrália onde morreram 75%, o Canadá 70% e os Estados Unidos 40%. O controle numa ILPI é difícil, pela fragilidade dos abrigados, pela proximidade entre eles e a necessidade de cuidados que requerem muita intimidade com os cuidadores, estes que mantém vida normal fora da entidade.

As ILPIs foram acompanhadas pelas Secretarias de Saúde, Vigilância Sanitária e Ministérios Públicos Municipal e Estadual. No nosso Estado havia 127 e hoje são 89 ILPIs ativas, muitas fecharam por não se adequarem às exigências necessárias para proteger as vidas dos idosos, inclusive com grande aumento dos custos na aquisição dos equipamentos de proteção. E no Estado, entre abril de 2020 até a data atual foram infectados 754 idosos, 630 trabalhadores e ocorreram 125 óbitos. Todos os dados foram disponibilizados pelo Ministério Público, que monitorou através de questionários a serem respondidos pelas entidades, duas vezes por semana no período de pico de contaminação, depois semanal e agora quinzenal. Esse acompanhamento do Ministério Público foi primordial para o resultado que hoje divulgam.

Entre janeiro e fevereiro todos os idosos e funcionários das ILPIs foram prioritariamente vacinados com a Coronavac. A Secretaria de Saúde disponibiliza vacinas para novos idosos institucionalizados e para funcionários recém contratados, o controle é feito com precisão e eficiência. Qual o resultado de todo esse empenho? Cachoeiro confirmou, nas suas quatro ILPIs, 39 casos de idosos infeccionados com apenas 2 óbitos durante toda pandemia. E em relação ao Estado? Neste mês não houve nenhum caso ou óbito comprovado. Qual as conclusões que podemos tirar desse resultado? Todas as vacinas são boas, e esse mi mi mi de que umas são melhores que as outras é balela. Eu sempre tomei as vacinas necessárias e nunca me interessei em saber de onde vinham, tomava e pronto. Se num ambiente em que a população é totalmente fragilizada, os casos caíram drasticamente após a vacinação, podemos usar as ILPIs como laboratórios de pesquisa, provando a eficácia da imunidade coletiva tão apregoada pela ciência. Concluo afirmando que estamos entrando num novo cenário da pandemia graças a vacinação.