Crônicas
Gladstone Rubim
Médico, cardiologista e cachoeirense. Um orgulho exagerado pela cidade que nascera e residia. Na madrugada de uma quarta-feira (23/4/2008) ele deixou a vida terrestre.
Por: Sergio Damião em 3 de julho de 2025
Médico, cardiologista e cachoeirense. Um orgulho exagerado pela cidade que nascera e residia. Na madrugada de uma quarta-feira (23/4/2008) ele deixou a vida terrestre. Nos últimos anos comecei a entender melhor o enunciado do contista e médico mineiro Guimarães Rosa: “As pessoas não morrem, ficam encantadas.” O encantamento é o que nos resta da pessoa. Gladstone era assim: fiel as suas convicções, amante da leitura e fotografia. No Centro de Estudos da Santa Casa de Cachoeiro (Dr. Edson Rebello Moreira) cuidava da biblioteca e do conjunto de fotografias dos médicos e médicas do corpo clínico do hospital. Sua lente fotográfica registrou a história dos médicos da Santa Casa das décadas de 80/90 do século passado (1990 – seu último ensaio). Pela lente da sua máquina, registrava os detalhes do dia e da noite do hospital. Eu gostava de ver seu zelo e esmero com os detalhes das fotografias, cuidava das fotos como se fossem as linhas dos eletrocardiogramas. Encantava-se com os vários ritmos que o coração mostrava nas linhas eletrocardiográficas. Parecia dançar com os ritmos variados da folha de papel. Perdemos a competência na avaliação do coração. Outros chegaram para os exames. Seu modo de ver será sempre único. O ciclo da vida (nascer, viver e morrer) é inevitável. Pedimos o adiamento desse dia final a todo instante. Pedimos a Deus, aos céus, mas quem sabe, o melhor pedido seja a fidelidade às imagens daqueles que se foram. Talvez, assim, aprendemos a aceitar o fim dos entes queridos e o nosso próprio fim. Na ocasião da despedida do Gladstone, nós médicos perdemos a chance de nos reunirmos em número maior em sua volta, e assim, repartirmos com seus familiares a dor e a saudade. Perdemos a chance de entendermos a importância do ritual do sepultamento dos nossos mortos e os mistérios da vida após a morte. Do Gladstone prefiro o dia em que organizou a celebração dos 25 anos do Centro de Estudos. Naquele dia, com alegria, agradecemos mutuamente as coisas boas que vivíamos. Lembrando Gladstone, lembro Newton Braga e a finalidade da Festa do dia de Cachoeiro. Nossa cidade encontra-se vibrante em mais um aniversário e os nossos cachoeirenses ilustres: Henrique Vivacqua Campos e o professor David Lóss, já se encontram presentes.