Crônicas
História através da moda
Há dias recebi convite para assistir uma live de uma loja, e me encantei com a nova forma on line de vender, tudo acontece rapidamente e com um resultado muito positivo à comerciante.
Por: Marilene Depes em 10 de agosto de 2021
Há dias recebi convite para assistir uma live de uma loja, e me encantei com a nova forma on line de vender, tudo acontece rapidamente e com um resultado muito positivo à comerciante. Não compro por impulso, gosto de pensar se realmente preciso do produto e assim perdi todas as oportunidades. Por conta desse fato mergulhei num passado que passo a narrar.
Na minha infância as roupas eram confeccionadas pelas costureiras, profissionais de grande prestígio na época. Minha mãe fazia as minhas, mas já na adolescência comecei a ficar exigente e ela me permitiu ter uma costureira, mas em geral, nas famílias compostas por muitos filhos, as roupas passavam dos mais velhos aos mais novos e se faziam muitas reformas. As lojas de tecidos eram as mais prestigiadas e lembro-me que a maior delas era a Casas Franklin, abarrotada de produtos e que ficava no Grandu. Outra importante era A Popular, de Tameme Bechara, mais especializada em tecidos finos, e outras de padrão idêntico eram a loja Marão, e A Seda Popular, essas mais no Centro. Não havia boutiques e as lojas que vendiam roupas geralmente pertenciam a libaneses e ofereciam produtos mais populares, com nomes tradicionais como Monte Líbano e Camisaria Kfouri. Numa mesma loja se vendiam botinas, sombrinhas, chapéus, leques, rendas, tecidos, louças, panelas, pinicos, uma miscelânea só. Armarinhos eram muito cotados por conta dos aviamentos das costuras, e as bordadeiras muito requisitadas, sendo as mais famosas as irmãs Contarines. As roupas masculinas também eram confeccionadas por costureiras ou por alfaiates sendo Vicente Garambone o mais famoso, até surgirem a Casa Real e o Magazin Sport. A Principal, de Guilherme Guimarães, foi a primeira sapataria da cidade, cujas vitrines encantavam a juventude. Os pais, por economia, mandavam colocar tachinhas nos solados dos sapatos dos filhos para não gastar, e só se podia ter dois pares, um para a escola e outro para a igreja, em outras situações usava-se os tamancos feitos pelo Sr. Salvador Pepe.
As boutiques funcionavam nas casas das proprietárias, sendo que quem iniciou esse comércio foi a Celsa, na Eugênio Amorim. Depois a Maria Elvira Pinheiro, especializada em roupas finas de linho ou linha, e que possuía muito bom gosto, a Iresi Modas com marcas famosas como Valisere e Cori e a Solange Marchini. E foram surgindo outras, como Ieda Vargas, Sandra Novaes Coelho na Carneiro, e as demais que foram tomando espaço nas ruas até chegarem aos shoppings centers. E a novidade é que hoje muitas boutiques estão se instalando em bairros periféricos, permitindo uma aproximação maior com o cliente e o retorno ao clima intimista das lojas de antigamente. A moda se recicla como a vida.