Comportamento

Insônia: causas, como identificar e o que fazer para tratar o problema

A insônia pode ser definida como dificuldade em iniciar o sono e/ou mantê-lo pelo período desejado. A pessoa não consegue dormir pelo tempo ou com a qualidade suficiente para acordar alerta e bem disposta.

Por: Redação em 28 de março de 2023

 

Todas as pessoas eventualmente têm experiências de noites mal dormidas. Um pico de estresse no trabalho, uma briga com um familiar ou uma dificuldade financeira podem ser gatilhos para o sono ruim. No entanto, quando o problema se torna recorrente, trata-se de insônia.

A insônia pode ser definida como dificuldade em iniciar o sono e/ou mantê-lo pelo período desejado. A pessoa não consegue dormir pelo tempo ou com a qualidade suficiente para acordar alerta e bem disposta.

A maioria dos indivíduos precisa dormir de 6 a 8 horas por noite para ter disposição durante o dia. Entre as funções do sono estão restabelecer o bem-estar físico e mental, assim como consolidar a memória e ajudar o sistema imunológico a trabalhar.

“Dormir menos de 4 e mais de 11 horas por noite parece estar associado a problemas de aumento de risco cardiovascular e diminuição de longevidade”, afirma a ginecologista Helena Hachul, pesquisadora do Instituto do Sono e chefe do Setor Sono na Mulher da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Dados do Estudo Epidemiológico do sono (Episono), feito com mais de mil moradores da cidade de São Paulo, revelaram que 45% dos participantes reportaram queixas de insônia e 15% diagnóstico do distúrbio.

O problema é mais comum em mulheres do que em homens. De acordo com Helena Hachul, atinge 30% delas na pré-menopausa e 60% após a menopausa.

A mulher sofre a somatória de efeitos da oscilação hormonal ao longo do ciclo menstrual e da demanda da dupla ou até tripla jornada (casa, trabalho e estudo). Como resultado, ela vive uma sobreposição de privação de sono e insônia, pois, no pouco tempo que lhe sobra para dormir, ela não consegue pegar no sono.

 

Sintomas de insônia

De acordo com a ginecologista, a insônia está associada a um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Dificuldade em iniciar e/ou manter o sono, despertar precocemente e ter dificuldade para adormecer novamente.
  • Comprometimento do funcionamento social, ocupacional, educacional, acadêmico e comportamental ou em outra área importante.
  • Dificuldade em dormir pelo menos três ou mais vezes por semana por um período maior do que três meses, mesmo com a oportunidade adequada para o sono.
  • Insônia que não se explica por nenhuma doença, uso de substâncias ou outros distúrbios de sono.

 

Causas

Existem várias causas de insônias, entre elas as primárias e as secundárias, associadas a transtornos como ansiedade e depressão.

Um distúrbio que costuma ser confundido com a insônia é a apneia obstrutiva do sono, condição que faz a pessoa acordar várias vezes à noite.

Para as mulheres, outra causa frequente é a menopausa. Uma das manifestações mais comuns com a queda na produção do hormônio estrogênio é o fogacho, ou seja, ondas de calor que podem vir seguidas de sudorese. Muitas vezes, a pessoa desperta por causa desse incômodo.

Com a menopausa, a bexiga também pode ficar mais flácida e a mulher tem vontade de urinar com mais frequência, inclusive à noite. A pessoa acorda para fazer xixi e tem dificuldade para adormecer novamente.

 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico de insônia é clínico, ou seja, feito a partir de uma entrevista do médico com o paciente. Caso o profissional suspeite de apneia ou outro distúrbio, ele pode pedir uma polissonografia, um exame que registra o sono durante uma noite inteira.

Já o tratamento tem duas frentes: medicamentoso e comportamental, às vezes associados.

Segundo Helena Hachul, os melhores resultados são a partir da terapia cognitivo comportamental para insônia (TCC-I). A TCC-I inclui técnicas cognitivas (trabalha conceitos inadequados em relação ao sono), comportamentais (controle de estímulos, restrição de sono, relaxamento) e educacionais (higiene do sono). O tratamento é bem sucedido em 65 a 70% dos casos.

​Além da TCC-I, o paciente pode precisar também de remédios. Segundo o Consenso Brasileiro de Insônia de 2019, são indicados para tratamento do distúrbio antidepressivos sedativos (doxepina), agonistas seletivos de receptores de benzodiazepínicos (zolpidem, zopiclone, eszopiclone), agonistas da melatonina (ramelteona).

Qualquer droga só deve ser administrada depois de um diagnóstico e com acompanhamento médico.

 

Recomendações para dormir melhor:

  • Evitar ficar olhando no relógio enquanto tenta adormecer.
  • Só ir para a cama quando estiver com sono.
  • Evitar ver TV na cama.
  • Criar um ambiente favorável. Procure deixar o quarto escuro, com boa temperatura e silencioso.
  • Não deitar com fome ou sede.
  • Não fazer refeições pesadas à noite.
  • Exercitar-se pela manhã, não à noite.
  • Evitar o consumo de cafeína e xantinas (café, chás e chocolate).
  • Evitar beber álcool.
  • Para pessoas que têm o hábito da soneca, a recomendação é cochilar por pouco tempo, de 20 a 40 minutos.
  • Procurar dormir e acordar no mesmo horário, mesmo no fim de semana.

 

Fonte: Insônia: causas, como identificar e o que fazer para tratar o problema | Saúde | Marie Claire (globo.com)