Comportamento
Lista de alimentos que mais provocam engasgo nas crianças
Embora a recomendação para evitar as balas também esteja relacionada ao alto teor de açúcar e à falta de nutrientes, elas realmente oferecem grandes riscos às crianças menores que são realmente as mais vulneráveis aos engasgos.
Por: Redação em 14 de julho de 2020
Muito se fala sobre o perigo de deixar objetos pequenos ao alcance das crianças, que podem levá-los à boca e engoli-los. Mas, muitas vezes, a ameaça pode estar mais perto do que se imagina: na sua mesa. Um estudo da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, identificou os alimentos que mais provocaram engasgos em crianças de até 14 anos. Especialistas analisaram os dados obtidos a partir de 112 mil visitas ao pronto-socorro causadas por engasgos não-letais, entre 2001 e 2009, e listaram os alimentos mais propícios a causarem esse tipo de incidente.
ALIMENTOS E NÚMEROS DE VISITAS AO PRONTO SOCORRO
Balas duras – 16.100
Outras balas – 12.671
Carnes – 13.324
Osso – 12.496
Frutas e vegetais – 10.075
Fórmula, leite ou leite materno – 9.985
Sementes, castanhas ou ostras – 6.771
Chips, pretzels ou pipoca – 4.826
Biscoitos, cookies ou bolachas – 3.189
Salsicha – 2.660
Pães – 2.385
Batatas fritas – 87
As campeãs de engasgos são as balas duras e outras guloseimas, que, sozinhas, representam quase 25% das ocorrências. O resultado é compatível com a vivência do pediatra Eduardo Gubert, do Hospital Pequeno Príncipe (PR). Ele concorda que os doces realmente encabeçam a lista de acidentes e alerta que “a Academia Americana de Pediatria recomenda não oferecer balas nem nenhum tipo de alimento de mascar para menores de 5 anos”.
Embora a recomendação para evitar as balas também esteja relacionada ao alto teor de açúcar e à falta de nutrientes, elas realmente oferecem grandes riscos às crianças menores que são realmente as mais vulneráveis aos engasgos. De acordo com o Datasus, no Brasil, em 2014, foram registrados 108 casos de inalação ou ingestão de alimentos, sendo que 74% deles aconteceram com menores de 4 anos. Destes, metade aconteceu com crianças menores de 1 ano. Isso porque até os 4 anos as crianças ainda não têm o controle da mastigação 100% desenvolvido.
A recomendação é não dar nada que ofereça risco de engasgo se for engolido direto. Alimentos muito lisos e arredondados, como uvas e tomate cereja, devem sempre ser cortados ao meio ou em mais partes. A dentição também faz toda a diferença no processo da mastigação. Crianças de 1 a 2 anos não têm os pré-molares ainda e o fato de terem só gengiva na parte de trás da boca pode fazer com que os pedaços escorreguem direto. Por essa razão, alimentos muito duros, como castanhas, que se quebram em muitas partes ao serem mordidos, devem ser evitados, assim como aqueles que podem ser aspirados inteiros, como feijão, milho e amendoim.
Os maiores problemas aparecem quando a criança não tem mais restrições alimentares. Do primeiro para o segundo ano de vida, é bem comum ouvir do pediatra que “agora a criança pode comer de tudo”. Mas isso não quer dizer que a criança possa comer de qualquer maneira e alguns pais pecam com o tamanho dos pedaços. É preciso sempre pensar em uma progressão. No caso das carnes, por exemplo, o ideal é começar oferecendo-as bem desfiadas, depois em pedaços pequenos e, só então, em pedaços maiores. Tudo isso deve ser orientado pelo pediatra.
E não pense que são apenas os alimentos sólidos que oferecem riscos. Mesmo o leite, seja na amamentação ou na mamadeira, também pode provocar engasgos. Tanto é que ele aparece em 6º lugar no ranking da pesquisa. É menos perigoso quando a criança engasga com um líquido porque, se parar na via respiratória, é possível contornar com medidas mais brandas. Sem contar que o próprio mecanismo da traqueia colabora para que o alimento que causou o engasgo retorne à boca.
Já, quando o engasgo é provocado por alimentos sólidos, a criança pode precisar ser submetida a uma broncoscopia, que é um exame que permite visualizar o sistema respiratório, para identificar onde a comida está presa e, assim, encontrar a melhor forma de desobstrui-lo. .
Sinais de engasgo e o que fazer
Há dois tipos de engasgo: o parcial, quando ainda está passando um pouco de ar, mas não a quantidade ideal, e o total, quando as vias respiratórias estão completamente obstruídas. No primeiro caso, a criança vai apresentar tosse rouca e chiado no peito. No segundo, a criança não consegue falar, nem tossir e vai começar a ficar com lábios arroxeados pela falta de ar. Nessa hora, por mais desesperador que seja o quadro, é preciso manter a calma e ajudar a criança a desengasgar. Veja o que fazer com:
Crianças de até 1 ano
1. Segure-a (de bruços) com o rosto voltado para baixo e com a cabeça mais baixa que o tórax;
2. Cuidado ao apoiar a cabeça, sustente-a firmemente com seu antebraço;
3. Aplique cinco golpes energéticos no meio das costas (usando o punho da mão com os dedos estendidos);
4. Vire a criança (de barriga para cima) firmemente apoiando sua cabeça e a mantendo mais baixa que o corpo;
5. Observe se ocorreu a saída do objeto, caso contrário aplique cinco compressões rápidas no tórax (utilize três dedos para aplicar as compressões no meio do tórax, entre a linha dos mamilos);
6. Se esse procedimento não expulsou o objeto, peça ajuda e acione o serviço de emergência (SAMU 192);
7. Repita os procedimentos acima até a chegada do serviço de emergência.
Crianças maiores de 1 ano
1. Ao reconhecer um engasgo, posicione-se atrás da criança de joelhos e atrás do adolescente ou adulto de pé – é preciso ficar na mesma altura;
2. Abrace o tronco da criança envolvendo-o com os dois braços;
3. Feche uma das mãos e coloque a parte plana (onde está o polegar) na “boca do estômago”, que fica logo acima do umbigo;
4. Segure o punho com a outra mão e realize cinco compressões rápidas (apertando para dentro e para cima);
5. Encoraje a criança a tossir (se ela conseguir durante a manobra);
6. Após realizar a manobra ao menos duas vezes e perceber que o objeto não saiu, ou que a criança apresenta-se pálida, com lábios arroxeados, acione a emergência (SAMU 192) e continue a manobra até a chegada do socorro ou até que a criança esteja inconsciente.
Vale lembrar que o reflexo que muitos pais têm na hora do engasgo é enfiar o dedo na garganta da criança para retirar o alimento entalado, mas isso pode mais atrapalhar do que ajudar. Se depois de comprimir o peito da criança você conseguir ver o alimento no fundo da garganta, você pode tentar enfiar o dedo para tirá-lo – tente com o mindinho, que é mais fino. Na dúvida, não hesite em chamar o serviço de emergência.
Dicas para prevenir engasgos
– A criança deve comer sempre sentada – não dá para brincar, correr ou andar ao mesmo tempo em que se mastiga ou se bebe alguma coisa.
– Quando há crianças de faixas etárias diferentes à mesa, é preciso ficar de olho! O menor pode pegar uma comida diferente do prato do maior, ou algum pedaço grande demais.
– Desde cedo, é importante ensinar a criança a mastigar direito antes de engolir, assim como criar um ambiente de tranquilidade na hora das refeições.
– O ideal é deixar o bebê pequeno o mais quieto quanto for possível por pelo menos 1 hora e meia depois da mamada. Eles devem ficar inclinados em um ângulo de 30° para evitar o refluxo. Coloque um travesseiro debaixo do colchão ou eleve os pés do berço pelo menos 10 centímetros.
– Não force a alimentação da criança. Nada de ficar perseguindo o seu filho com o prato de comida nas mãos, querendo enfiar uma colherada de comida na boca dele.
– Se a criança engasga com frequência, vale verificar se ela não apresenta nenhum outro problema, como refluxo gastroesofágico.
– Para crianças menores, só ofereça talos de vegetais cozidos, que são mais macios que os crus e não se partem com tanta facilidade quando mordidos. Na dúvida, peça orientação ao pediatra para saber até que idade é necessário cortar os alimentos ou desfiar a carne em pedaços apropriados.