O álbum de mesmo nome tinha regravações de seu repertório, e Erasmo que já tinha lançado discos e engrenado uma série de shows em comemoração aos 30 anos da Jovem Guarda, deu uma ligeira desacelerada na carreira, lutando ainda contra o alcoolismo. Em entrevista a Quem, em 2015, ele contou que demorou para se livrar da bebida, hábito que levava desde dos tempos das festinhas da Tijuca, só abandonando de vez o vício por volta dos anos 2000.
“Tudo que fiz, as coisas certas e as erradas, foram boas porque me formaram, e amo o homem que sou hoje. Mas a bebida se transformou em um entrave na minha vida, me atrapalhou muito”, afirmou. Indagado se foi um alcoólatra não titubeou. “Claro que fui, deveria até ser criada outra denominação para o que eu fui. Às 9h da manhã eu já estava bebendo vodca, uísque, cachaça, qualquer coisa. A dependência é terrível, você se anula como ser humano, vira o chavão do farrapo humano, perde o respeito por si mesmo e ainda mais pelos outros. Há ainda consequências: pânicos, delírios. O alcoolismo é uma doença”, desabafou.
Em 2001, Erasmo lançou Pra Falar de Amor, que trazia interpretações de canções também de Kiko Zambianchi e Marcelo Camelo, além de um dueto com Marisa Monte e Carlinhos Brown. O primeiro DVD ao vivo veio em 2002, e, em 2004 foi a vez de Santa Música, álbum com 12 composições solo suas. Em 2007, o público ganhou Erasmo Convida, Volume II com canções suas e de Roberto e uma lista de convidados que tinha Skank, Los Hermanos, Lulu Santos, Marisa Monte e Milton Nascimento, entre outros. Em 2009, lançou Rock ‘n’ Roll, com novas parcerias, e em 2010 perdeu a disputa para um samba-enredo da Beija-Flor, que no ano seguinte homenagearia Roberto. Em 2011 veio o álbum Sexo e, em 2014 ,Gigante Gentil, que venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro.
No mesmo ano, Erasmo levou outro duríssimo golpe, com a morte de Alexandre Pessoal, o Gugu, então com 40 anos, seu filho do meio com Narinha, então com 40 anos. “Tem que tocar a vida. Primeiro é entender que foi uma fatalidade. Depois, é aprender a conviver sem as coisas dele. Isso é difícil (…) Falta a alegria dele”, explicou o cantor na entrevista a Quem, afirmando que nunca se perguntou porque isso tinha acontecido com ele.
“Jamais. Isso é o fim do egoísmo humano. É uma coisa terrível quando a pessoa diz: ‘Por que eu, por que não com outra pessoa em vez do meu filho?’. São pensamentos que expulso da minha cabeça. Mas o filho ir antes do pai foge da ordem natural das coisas, é uma dor muito grande. O que é ruim também acontece com todo mundo. A minha cota eu tenho que saber administrar. Não posso achar que é só comigo ou que sou azarado”, afirmou.
Em 2018, Erasmo recebeu o Grammy Latino: Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação, e ganhou também da União Brasileira dos Compositores, o prêmio de Compositor Brasileiro do Ano. O cantor e compositor, no cinema fez Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa, Roberto Carlos a 300 km por Hora, e Os Machões, voltou às telas em 2018 com Paraíso Perdido, ao lado de Hermilla Guedes.
Em 2020, estreou na Netflix em Modo Avião, filme estrelado por Larissa Manoela no qual vivia o avô da personagem dela, uma figura um pouco rabugenta, mas de coração enorme. O cantor, que se casou com Fernanda, 49 anos mais nova, em 2019, foi homenageado em 2021 com o documentário Erasmo 80, produzido por Pedro Bial e equipe de seu programa. Exibida no Globoplay, a produção foi bastante criticada por não abordar vários aspectos da vida do cantor – não citava Nara ou Alexandre, por exemplo. A data foi celebrada com festa pelos fãs, colegas e pela mídia: Erasmo recebeu as homenagens devidas ao grande ídolo que sempre foi.
Em novembro de 2022, ele ainda venceu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, pelo disco O Futuro Pertence à… Jovem Guarda. Na categoria, ele disputava o troféu com Gilsons (pelo álbum Pra Gente Acordar) Jão (Pirata), Marina Sena (De Primeira) e Luísa Sonza (Doce 22).