Crônicas

Motivação é tudo

Minha preocupação se baseava na realidade. Há alguns anos estávamos em Paris e por acaso conhecemos uma casa noturna que ficava no térreo de um restaurante, um local inesquecível.

Por: Marilene Depes em 18 de julho de 2022

No final de semana eu e meu marido fomos ao Rio de Janeiro programados para curtir o Rio Scenarium, uma casa noturna localizada na região da Lapa, que já havíamos frequentado anteriormente, toda decorada com antiguidades remanescentes de cenários teatrais. A outra característica da casa é que lá só toca samba e sempre apresenta música ao vivo da maior qualidade, e eu preocupada se a casa mantinha o padrão e a exclusividade musical.
Minha preocupação se baseava na realidade. Há alguns anos estávamos em Paris e por acaso conhecemos uma casa noturna que ficava no térreo de um restaurante, um local inesquecível. Música perfeita, com pista de dança e champanhe à vontade – dançamos e bebemos tanto que até desabamos no chão. Amei tanto a noitada que o fogaréu não me impediu de pegar o cartão do local. Esse cartão ficou anos na gaveta e eu planejando retornar a Paris e ao Le Copolle – nome da casa. E voltamos, fui sonhando em viver emoções idênticas às anteriores e tive a maior decepção, o térreo fora fechado, só restava o restaurante.
Felizmente tal situação não se repetiu no Rio Scenarium, e me surpreendi com dois fatos inabituais – o excelente grupo de samba que se apresentava era paulista e formado só por mulheres. Fomos lá para dançar, naturalmente calibrando as turbinas antes de adentrar à pista com algum combustível que facilitasse a performance, além do que houve outro incentivo – um senhor que se exibia pela pista tão logo a música iniciou, sambando e se divertindo sozinho e dando um show à parte.
Como motivação é tudo, meu parceiro levou-me para o meio do salão e o espírito de John Travolta, nos Embalos de sábado à noite, baixou nele e dançamos muito! Carlinhos de Jesus também foi incorporado e dá-lhe samba no pé! O senhor que se exibia sumiu ao perceber que não mais centralizava as atenções, e muita gente ocupou o salão, notadamente turistas. Foi uma noitada memorável na qual desapareceu até a artrose dos joelhos – sem chance de reclamar após sambar por horas.
E foi bom constatar que o Rio de Janeiro continua lindo, as notícias que nos chegam são assustadoras e a realidade que vivenciamos foi outra. Passeamos por Copacabana à noite, muita gente caminhando pela orla, os quiosques abertos e alguns com música ao vivo, naturalmente samba que é o ritmo que bem representa a cidade maravilhosa. E eu já sonhando retornar, afinal, motivação é tudo!