Economia

Na pandemia, saiba o que fazer com suas milhas vencidas ou prestes a vencer

Com a duração da pandemia do Covid-19 se estendendo mais do que o esperado pelos brasileiros, pessoas que tinham planos de viajar precisaram adiá-los pela segunda vez. O problema, no entanto, é que muitos desses consumidores acabaram perdendo as famosas "milhas".

Por: Redação em 17 de maio de 2021

 

Com a duração da pandemia do novo coronavírus se estendendo mais do que o esperado pelos brasileiros, pessoas que tinham planos de viajar precisaram adiá-los pela segunda vez. O problema, no entanto, é que muitos desses consumidores acabaram perdendo as famosas “milhas”.

Esses pontos de programas de benefícios de bancos e companhias aéreas podem ser trocados por passagens áreas ou produtos como eletrodomésticos e eletrônicos. O problema, no entanto, é que eles têm prazo de validade. Mas especialistas garantem que, mesmo em um contexto ainda caótico e nebuloso, existem opções interessantes para os clientes não saírem no prejuízo (ou, pelo menos, nem tanto).

No ano passado, quando a pandemia começou, muitas empresas de benefícios ligadas às companhias aéreas (como Smiles, Mutiplus e TudoAzul) estenderam os prazos de validade das milhas. Um ano depois, no entanto, essa ação não foi continuada por algumas empresas. As opções do consumidor neste cenário, então, passaram a ser: vender as milhas, trocar por outros produtos do catálogo, usá-las para comprar uma passagem em uma data mais distante ou entrar em contato com a companhia.

Segundo Leonardo Cassol, economista do site Melhores Destinos, tanto as empresas de benefícios das companhias aéreas quanto os bancos têm criado promoções mais vantajosas para que os clientes troquem suas milhas por itens do seu catálogo.

“Recentemente, eu mesmo troquei 12 mil milhas por uma cafeteira e ganhei R$ 388 em capsulas de café. Antes, não havia promoções desse tipo”, conta. Ele explica que essas ações passaram a ser mais comuns, a fim de incentivar o cliente a usar aquelas milhas. Ele orienta, no entanto, que os consumidores façam as contas para saber se a troca vale a pena.

O cálculo básico, segundo Cassol, é ver o preço daquele produto em reais, pesquisando em lojas on-line, e depois ver o quanto ele custa em milhas. “Por exemplo, o produto custa R$ 500 em uma loja on-line e no programa de benefícios está custando 25 mil milhas ou pontos, significa que cada milha está valendo R$ 0,02, o que é um bom valor”, explica. Ele afirma que caso a milha “custe” abaixo de R$ 0,02, valeria mais a pena vendê-la, uma vez que o preço médio pago pelas milhas por quem compra é de R$ 0,02.

Cassol explica que alguns programas até fizeram novas parcerias, como com empresas de transporte por aplicativo como a Uber. “Nelas, o cliente pode trocar os pontos por crédito e fazer viagens, o que também pode ser uma boa alternativa”, afirma.

Ele explica que é importante que as pessoas tenham em mente que as milhas não são só para viagens. “Elas são como uma moeda, que você pode trocar por várias coisas, inclusive viagens, que tendem a ser a troca mais vantajosa”, diz.

Uma segunda opção é o cliente vender aquelas milhas para empresas especializadas, como a MaxMilhas e a 123Milhas. Nelas, o consumidor faz um cadastro no site e anuncia quantas milhas ele quer vender e o valor (geralmente, os sites sugerem uma faixa de preços onde há a maior possibilidade de venda).

“A MaxMilhas, por exemplo, compra as milhas mesmo que elas estejam perto do vencimento. Nesses casos, claro, paga-se um valor mais baixo, o cliente deixa de ganhar o que ele ganharia se vendesse com mais antecedência. Porém, é uma das alternativas mais vantajosas quando se está próximo à data de expiração daqueles pontos”, afirma Rafael Palácio, gerente de negócios da MaxMilhas.

Segundo o executivo, atualmente as empresas de pontos não estão renovando a validade das milhas com “a mesma facilidade” que fizeram no ano passado porque “tem mais de um ano de pandemia e ainda não se sabe quando ela acaba”. “Então, a venda de milhas é uma boa saída, além de ser uma forma da pessoa conseguir ter um dinheiro, especialmente em um momento de crise”, diz.

Cassol, do Melhores Destinos, concorda que essa é uma boa alternativa. Ele pondera, no entanto, que é importante que o consumidor sempre venda suas milhas por meio de sites confiáveis, como é o caso da MaxMilhas e 123Milhas.

“Existem anúncios até no Mercado Livre de pessoas dizendo que compram ou vendem milhas, mas em muitos casos é golpe”, afirma. Ele conta que ele mesmo passou por uma situação parecida há algum tempo. “Eu comprei milhas de um terceiro e a pessoa emitiu a passagem para mim. Um ano depois, recebi uma intimação de um processo por furto de milhas. Ou seja, a pessoa que me vendeu, supostamente roubou de alguém”, conta.

Outra alternativa, segundo o especialista, é usar as milhas prestes a expirar para comprar uma passagem em uma data distante. “É claro que não é para a pessoa viajar agora. Mas quem se sentir confortável, quem está vacinado ou tem previsão de ser vacinado e se sinta confortável para viajar no ano que vem, ou no outro, pode encontrar passagens muito baratas neste momento. Mas é preciso ficar atento aos riscos, pois ainda não sabemos o que vai acontecer”, diz.

Já venceram, e agora?

No caso das milhas que já venceram, Cassol sugere que o cliente entre em contato com a empresa de benefícios ou com o banco.

“Muitos programas estão sendo mais sensíveis nesse momento, justamente por causa da pandemia. Então, vale a pena tentar abrir um chamado e fazer uma reclamação, explicando o por que não conseguiu resgatar aquelas milhas. Em alguns casos, as empresas “devolvem” aqueles pontos 30 a 180 dias”, afirma.

Ele destaca, no entanto, que isso não é regra e nem é obrigatório que as empresas ofereçam. Mas que existe a possibilidade de tentar negociar

 

O que dizem as empresas?
A TudoAzul, programa de benefícios da companhia aérea Azul, afirma que os pontos acumulados pelos clientes têm validade de dois anos, mas devido à pandemia, houve uma suspensão da expiração enquanto esse cenário durar.

“Queremos que os clientes tenham a opção de resgatar esses pontos em viagens ou produtos”, afirma a empresa em nota.

A Smiles, que administra o programa de milhagem da Gol, afirma que “tem a maior validade do mercado”, com validades de 3 a 20 anos.

Questionados sobre quem tem milhas por vencer nesse período de pandemia, a companhia informou que “o cliente conta com uma plataforma completa, com amplas opções de resgate justamente para ele não deixar suas milhas expirarem”.

Outra opção é utilizar as milhas que vencem no curto prazo para resgatar viagens até o ano seguinte. “No Viaje Fácil, o cliente pode emitir a passagem com praticamente até um ano e somente decidir se vai viajar ou não 60 dias, antes do embarque. Dessa forma, o viajante consegue se programar com antecedência e utilizar milhas que estejam para vencer, ou acumular as milhas necessárias com mais conforto – e com o bilhete garantido”.

Por fim, a companhia também destacou que tem um serviço chamado “Reativar Milhas”, que permite recuperar milhas expiradas para usá-las novamente como quiser.

“As milhas que expiraram no último ano podem retornar para a conta do cliente com mais 1 ano de validade. E pelo aplicativo da Smiles, o cliente conta com um serviço que permite estender a validade das milhas por 30, 60 ou até 90 dias”.

No site da Multiplus, da companhia aérea Latam, há uma área onde o cliente pode reaver, por 180 dias os pontos expirados nos últimos 180 dias.

 

Fonte: Na pandemia, saiba o que fazer com suas milhas vencidas ou prestes a vencer | Serviços Financeiros | Valor Investe (globo.com)