Artigo
Ponto de ônibus
Li, em jornal da capital, a histórica agonia daquele que espera pelo transporte coletivo. Cada vez mais as alternativas são buscadas pela população
Por: Sergio Damião em 2 de setembro de 2024
Li, em jornal da capital, a histórica agonia daquele que espera pelo transporte coletivo. Cada vez mais as alternativas são buscadas pela população (sempre o transporte individual – carro próprio, motocicletas… levando ao trânsito caótico mesmo em cidades menores). Na lembrança vieram imagens do tempo que tomava o ônibus do bairro Santo Antônio ao centro de Vitória em busca do ensino: Colégio Americano, próximo ao Parque Moscoso. Fico triste em ler, saber e assistir os ônibus do transporte público superlotados. Mais ainda, pela falta de infra-estrutura para a espera, uma espera desalentadora, é a certeza de um transporte sem qualidade, todos os dias, no horário que mais precisam: ida e vinda da escola ou trabalho. No Espírito Santo, qualquer cidade capixaba, deveria ser como nos versos latinos: “É bom trabalhar em solo capixaba…” Mas as condições para se chegar ao trabalho, da ida ou vinda de casa, retiram as esperanças. Além da falta de esperança na melhoria de um serviço essencial ao trabalhador e estudante, pois são tantos anos, e nada muda, além disso, o perigo ronda os ônibus cheios ou vazios, como rondava em outros tempos. Lembro do acidente que aconteceu em Santo Antônio, na volta do Rabaióli, junto ao Polivalente, o ônibus despencou morro abaixo, minha mãe em desespero rezava para nossa Senhora. Eu, adolescente, voltava da escola, voltava a pé, tinha trocado o passe escolar pelo picolé, na esquina do Parque Moscoso. Menos sorte aconteceu com um casal de idosos em Cachoeiro. Os velhinhos aproveitando um raro momento de ônibus sem grande ocupação, sentaram-se bem ao fundo, nas últimas cadeiras, ao passarem por quebra-molas, eles foram arremessados ao teto do ônibus, e ao caírem, fraturaram os ossos da coluna. Quanto às informações contidas no jornal atual, nada diferem das que vivi nos anos sessenta/setenta do século passado, nada mudou com as condições dos abrigos, com o semblante das pessoas, só as cores dos ônibus. Quando viajo, procuro conhecer o serviço público de transporte (ônibus, metrô, trem), ou do próprio táxi, é motivo de orgulho, e uma atração turística, a manutenção da cor desses veículos. Conhecer uma cidade é conhecer sua população e nada melhor que o supermercado e transporte coletivo. De preferência de bicicleta, pena que, este meio de transporte moderno nas boas cidades do mundo, seja tão pouco valorizado no Brasil.