Cultura

Projeto destaca artes indígenas como forma de preservação da língua tupiniquim

O projeto consiste na construção de um acervo digital composto pelas obras fotográficas de artistas indígenas e na realização de um podcast no formato de um debate, reunindo a pesquisadora e as lideranças indígenas Jocelino Tupinikim, Urutau Guajajara e Tiago Matheus Tupinikim.

Por: Redação em 16 de abril de 2021

Ayolanni Monteiro, do povo Tupinikim.

 

Tornar público o pensamento Tupinikim sobre a sua realidade, por meio da arte indígena e do incentivo à retomada da língua materna. Essa é a principal contribuição do projeto “Língua Viva – Imagens em Movimento em Debate”, desenvolvido pela doutoranda em Antropologia Social Aline Moschen, em conjunto com a Bule Criativo, e linguistas e artistas indígenas do tronco Tupi.

Selecionado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), o projeto consiste na construção de um acervo digital composto pelas obras fotográficas de artistas indígenas, disponibilizado no site www.linguaviva.org, e na realização de um podcast no formato de um debate, reunindo a pesquisadora e as lideranças indígenas Jocelino Tupinikim, Urutau Guajajara e Tiago Matheus Tupinikim.

O objetivo é integrar as artes verbais e as artes visuais do povo Tupinikim aos temas da memória e do patrimônio imaterial dessa população, com ênfase na língua materna. As reflexões versam sobre as artes indígenas como estratégias de preservação da língua tupinikim e do enfrentamento aos estereótipos étnico-raciais presentes no cotidiano dessa população, que divide limites próximos com o meio urbano na cidade de Aracruz, no norte do Espírito Santo.

Nesta proposta, língua e imagem operam como códigos complementares sobre os quais artistas e intelectuais indígenas expõem o seu pensamento em diálogo com o seu próprio povo e com diferentes setores da sociedade.

 

Jaider Esbell.

 

O conteúdo do podcast será distribuído para as escolas da Rede Estadual de Ensino, nos municípios de Aracruz e Colatina, por meio de uma parceria com a Secretaria da Educação (Sedu). “Direcionar parte da produção intelectual e artística dessas pessoas ao ensino público é uma forma de reconhecer narrativas teóricas e históricas concretas sobre um território dentro da história e do ensino tradicional”, afirma a pesquisadora Aline Moschen, que desenvolve pesquisas junto aos povos indígenas de Aracruz desde 2015 e atualmente faz o doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

Além da galeria virtual de acervo fotográfico produzido por artistas tupinikim, dentre os quais se destaca Beatriz Pêgo, e do podcast que será distribuído na rede pública de ensino do Estado do Espírito Santo, o site do projeto “Língua Viva – Imagens em Movimento em Debate” reúne conteúdo exclusivo criado por pensadores indígenas contemporâneos, com textos que abordam a arte indígena contemporânea e a linguagem Tupiniquim. “Entendo que artistas, pesquisadores e linguistas indígenas devem ser reconhecidos como agentes importantes não apenas para suas comunidades, mas à sociedade como um todo”, destaca a pesquisadora Aline Moschen.

O Projeto “Língua Viva – Imagens em Movimento em Debate” está em consonância com a aplicação das leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena na rede de escolas públicas e particulares, do Ensino Fundamental até o Ensino Médio.

Jaciele Tupinikim, da Aldeia Caieiras Velha, em Aracruz.

 

Beatriz Pego – Aldeia Caieiras Velha, em Aracruz

 

Saiba mais:

Projeto “Língua Viva – Imagens em Movimento em Debate”

Acervo digital composto pelas obras fotográficas de artistas indígenas e disponibilização de podcast com a doutoranda em Antropologia Social Aline

Moschen, o linguista indígena Jocelino Tupinikim, o linguista Urutau Guajajara e a liderança indígena Tiago Matheus Tupinikim.

Onde acessar: site www.linguaviva.org

Projeto selecionado pela Lei Emergencial Aldir Blanc, por meio da Secretaria da Cultura (Secult).