Tecnologia

PSVR2: com novo óculos de realidade virtual, Sony dobra aposta em games como experiências sensoriais

Na busca por oferecer a sensação de 'presença' em mundos virtuais, a proposta do VR apenas como um capacete com telas ficou para trás: hoje os principais players do setor querem também envolver as mãos, ou mesmo todo o corpo, do jogador.

Por: Redação em 5 de janeiro de 2022

PlayStation

 

PSVR2, novo óculos de realidade virtual desenvolvido pela Sony e que funcionará em conjunto com o PlayStation 5, foi apresentado nesta quarta-feira (5) durante a Consumer Electronic Show, maior feira anual de tecnologia do mundo. Ainda que a fabricante não tenha mostrado o modelo em si no evento, foram anunciadas funções já familiares para quem acompanha a evolução da tecnologia.

Longe de ser apenas um capacete, o PSVR2 virá acompanhado de um par de controles, os VR2 Senses. Através de superfícies sensíveis ao toque e sensores embutidos nos Senses – acelerômetros e girscópios, comuns em smartphones modernos – o jogador poderá interagir com o que acontece na tela não apenas ao pressionar de botões, mas também com gestos da mão e do braço. Conceito similar ao apresentado por fabricantes como a Oculus, do Meta, HTC e Valve desde meados de 2016. Na busca por oferecer a sensação de ‘presença’ em mundos virtuais, a proposta do VR apenas como um capacete com telas ficou para trás: hoje os principais players do setor querem também envolver as mãos, ou mesmo todo o corpo, do jogador.

É algo que a Sony também se aproxima com o PSVR2. O capacete é capaz de transmitir a posição do jogador através de um set de câmeras instaladas no headset, sem precisar do auxílio de sensores instalados pela sala de estar. Até movimentos dos olhos na frente das duas telinhas do visor – capazes de resolução 4K – são levados em questão. O sistema pode transformar sua posição no espaço físico, ou mesmo a direção que o jogador está olhando, em comandos dentro do game.

O headset também vibra. Por cômico que isso possa soar, é na verdade a função que o separa de seus iguais, e o aproxima da estratégia geral da Sony com seu mais recente PlayStation. O PSVR2 usa um único motor incorporado para gerar leves vibrações. “Os jogadores podem sentir a pulsação elevada de um personagem durante momentos tensos, o movimento de objetos passando perto da cabeça do personagem ou o impulso de um veículo conforme o personagem acelera”, sugere a fabricante em comunicado.

O óculos, portanto, carrega o mesmo espírito que o Dual Sense, controller do PlayStation 5 lançado em conjunto com o console em 2020: trazer um elemento tátil preciso à jogabilidade. Através de motores embutidos no controle e debaixo de alguns botões, o Dual Sense é capaz de recriar de forma estranhamente convincente certos elementos que seu avatar experimenta no game. Mover o robôzinho que faz as vezes de protagonista de Astro’s Playroom sobre uma superfície de vidro ou areia de uma praia é uma sensação completamente diferente nas mãos. Atirar uma flecha é mais difícil conforme a tensão da corda é maior, algo que o próprio controle traduz aumentando a resistência d clique do gatilho.

A grande questão, como ainda é o caso com o Dual Sense, é quantos estúdios e desenvolvedores estarão dispostos a investir nessas novidades em seus próprios jogos. Desenvolver games é uma tarefa custosa e não é incomum ver projetos cujo orçamento chega às centenas de milhares de dólares (é o caso, por exemplo, de GTA VRed Dead Redemption 2 e Shadow of The Tomb Raider). Muitas vezes esses estúdios buscam aumentar sua base de usuários criando experiências para múltiplas plataformas – Xbox Series X ou Nintendo Switch, digamos – com funções distintas uma das outras. Na época do lançamento do PS5, grandes lançamentos como Assassin’s Creed Valhalla e Demon’s Suls Remastered sequer incorporaram funções de feedback tátil do Dual Sense.

Durante a apresentação na feira, a Sony anunciou ao menos um novo game exclusivo para o PSVR2, chamado Horizon: Call of The Mountain. Veja um pequeno trecho abaixo:

A outra questão é que ter um PlayStation 5 ainda é uma barreira e tanto a se superar. Não apenas pelo preço (o console chegou a ser vendido por R$ 10 mil no Brasil), mas pela escassez de unidades no mercado em meio à contínua crise de microprocessadores que vem afetando fabricantes de eletrônicos desde 2020. Lojistas como Amazon e Casas Bahia receberam um novo estoque no fim do ano após meses sem o console nas prateleiras, mas hoje já é difícil encontrar o console. Em novembro, segundo apuração da Bloomberg, a Sony teria optado por um corte no volume de unidades produzidas em suas fábricas, de 16 para 15 milhões, devido a dificuldade de encontrar componentes para a fabricação.

 

Fonte: GQ