Crônicas

Que pena, meu poeta!

Inverteu a lógica conceitual de Newton Braga ao criar a festa, ou seja, a fórmula ideal para fazer retornar os cachoeirenses que iam embora em busca de outros horizontes, virou amargura.

Por: Wilson Márcio Depes em 30 de junho de 2020

 

A festa de Cachoeiro, que reúne os amigos cachoeirenses, de fora e daqui, hoje é dor. A pandemia já atingiu muitos queridos amigos. Inverteu a lógica conceitual de Newton Braga ao criar a festa, ou seja, a fórmula ideal para fazer retornar os cachoeirenses que iam embora em busca de outros horizontes, virou amargura. Era uma forma ideal e adequada de matar as saudades. Agora… é só desilusão. Olha, Newton, tenho encontrado médicos amigos, experientes, cabeça baixa, deprimidos: estão fazendo o máximo. Mas vidas escapolem por entre os dedos. Aquilo que era uma “gripezinha”, segundo o presidente da República, já ultrapassou a marca fatídica dos 50 mil mortos em nosso país. Em nossa terra, nesta terça-feira quando escrevo esta crônica, são mais 1288 casos confirmados e mais de 45 óbitos. Fora as subnotificações. Isso, sem contar que o inverno vem por aí. A coerência inverteu em nosso país. Antes, o presidente da República era o primeiro a respeitar as leis. Agora, a justiça é obrigada a determinar que ele use máscaras, para não contaminar a população. É bom que você não esteja por aqui. Bom mesmo. A antena delicadíssima de sua sensibilidade não iria suportar. Você acredita, poeta, que o ex-Ministro da Educação, que agora recebeu um polpudo cargo fora do Brasil, é um propagandistas do nazi-fascismo. Seu nome? Weintraub. Ele e educação não combinam na mesma frase. Isso aconteceu nesse desvão da história em que estamos atolados, o que é uma desonra à memória de gente como Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e Paulo Freire, pensadores da educação como forma de emancipação civilizatória. Você ficaria estarrecido. O único consolo, Newton, e só fica este, é acreditar que a história não coloca problemas que as pessoas não possam resolver. A propósito, digo mais, resolveram abrir o Maracanã, em plena pandemia, com um jogo do nosso Flamengo. Um absurdo, poeta! Enquanto o Flamengo goleava o Bangu, 22 jogadores corriam no gramado, 26 seres humanos eram tratados da Covi-19 no hospital de campanha montado no Maracanã. O futebol, assim, nunca refletiu tanta a nossa sociedade. Que pena, meu poeta!