Crônicas
Vidas provisórias
Fiquei muito feliz com a posse de Miriam Leitão na ABL. Sempre a admirei. Desde a adolescência, quando trabalhamos juntos em A Gazeta.
Por: Wilson Márcio Depes em 18 de agosto de 2025
Fiquei muito feliz com a posse de Miriam Leitão na ABL. Sempre a admirei. Desde a adolescência, quando trabalhamos juntos em A Gazeta. Se bem que a ditadura militar não a deixava trabalhar, exercer sua profissão dignamente. Vira e meche, estava sempre presa no 3º BC. Mesmo com toda pressão, Míriam nunca arredou um pé sequer: “Sei que há deveres aos quais eu me dedicarei nos próximos anos da minha vida nesta instituição, que está em momento tão interessante e desafiador. Ao mesmo tempo em que preserva seu legado institucional, ela se renova”. E é pura verdade. Podem acreditar.
Há pouco tempo, estava no Rio, resolvi ir ao lançamento de um de seus livros. Conversamos muito, pois houvera recebido um título de “Cidadão Caratinguense”, por honra e glória de Ziraldo. Ela, que é de lá, caratinguense, não acreditou. Falamos muito sobre nossos amigos, mas, sobretudo, sobre o país. Eu, e convoco meus amigos e amigas também, quando tenho alguma dúvida sobre economia, corro na sua coluna diária em O Globo. Mesmo discordando – o que é difícil – pode ter certeza que ela está falando a sua verdade.
Vou fugir um pouco do assunto. Estava eu, antes de escrever esta crônica – conversando com uma colega sobre uma peça jurídica – Embargos de Declaração – na qual requeria que o magistrado voltasse atrás em razão de um erro de interpretação, chamado “contradição interna”. Resmunguei pra ela: “Não vai corrigir o erro de jeito algum”. Ela, ao contrário, disse: “Volta, sim. Eu tenho conseguido”. Perguntei o nome do juiz. Aí, tomei a liberdade de dizer, quem? Aí fui logo contando: “Já sei até o que ele disse. Despachou: “Estou errado. Volto atrás”.
Por que faço essa divagação? Porque Míriam também é assim. Sobretudo uma mulher guerreira, mas completamente honesta. Tudo o que ela diz é o que ela pensa honestamente. Neste nosso país tão incoerente, Miríam me ajuda a compreender “Vidas provisórias”. Amém.