Crônicas

Agosto lilás

Mês dedicado a não violência à mulher, mais uma tentativa, entre tantas infrutíferas, de proteger a mulher que é agredida, menosprezada, abusada e espancada até ser assassinada.

Por: Marilene Depes em 23 de agosto de 2022

Mês dedicado a não violência à mulher, mais uma tentativa, entre tantas infrutíferas, de proteger a mulher que é agredida, menosprezada, abusada e espancada até ser assassinada. Após 16 anos da Lei Maria da Penha, perfeitamente elaborada, as mulheres continuam vítimas de tantas violências, cujos índices só aumentaram a partir de 2019.
A mulher não pode ser culpabilizada pelo que sofre, ela não é objeto nas mãos de quem a oprime, e ao mesmo tempo é omissa em não buscar ajuda aos órgãos que podem protege-la. Por comodismo ou dependência aceita continuar sob o mesmo teto do agressor, confia na possibilidade de mudança, e entre menosprezo, xingamentos, tapas, vai sofrendo calada até que acontece o inevitável, ela perde o seu bem maior que é a vida, principalmente quando decide dar um basta e refaze-la.
O governo falha em não divulgar campanhas ostensivas, a fim de esclarecer com maior objetividade qual o destino que aguarda tanto a vítima de violência quanto o agressor. Em não divulgar, de forma recorrente, onde e como buscar ajuda. A mulher não deveria procurar a própria mãe se esta também é vítima ou não possui condições materiais de acolhimento, ou lideranças religiosas que a aconselhem a orar pelo agressor para que se arrependa. Nunca acredite em quem tenta contemporizar, agressão não acontece ocasionalmente, começa com a tentativa de ridicularizar a mulher chamando-a de burra, feia, gorda, velha, louca, de cercear a liberdade fiscalizando o que usa, com quem fala, controlando o celular, as saídas, o dinheiro se ela trabalha e culminando com ausência de afeto e carinho nas relações sexuais.
O que fazer, onde buscar ajuda? Numa emergência ligue o 180 ou busque a Delegacia da Mulher, a Delegacia de Polícia, o CREAS (Centro de Referência de Assistência Social) que possui equipe multidisciplinar para atendimento à mulher, a Defensoria Pública, que atende especificamente àquelas que não possuem recursos para pagar advogado. As Delegacias, a Defensoria e a Polícia Militar possibilitam medidas protetivas em defesa da vítima e caso estas sejam violadas leva o agressor à prisão. Em Cachoeiro de Itapemirim as mulheres vítimas ainda podem contar com o apoio do Conselho da Mulher, da Ouvidoria da Mulher na Câmara, e de grupos organizados como a União Cachoeirense de Mulheres – UCM, e o Coletivo Vozes Feministas. E recentemente foi inaugurado o Centro de Referência de atendimento à mulher.
Mulher, você não está só, seu sangue e sua dor pertence a todas nós.