Entrevista

“As pessoas precisam acreditar que a sua voz pode fazer a diferença”

Philipe Verdan tem 31 anos é de origem humilde, mas o que não o impediu de ter uma extensa formação acadêmica

Por: Redação em 16 de março de 2020

 

Jovem, empreendedor e que talvez represente bem o que chamam de “pensar fora da caixa”. Philipe Verdan tem 31 anos é de origem humilde, mas o que não o impediu de ter uma extensa formação acadêmica: estudou Estatística na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); Ciências Políticas; é MBA em Gestão em Projetos pela USP; Pós em gestão de Pessoas (PUC) e Psicologia de Alta Performance; estudou Marketing Política na ESPM; e acaba de passar um temporada na Bahia, trabalhando, ou aprendendo, como ele prefere, sobre cultura brasileira.
Já passou por 21 países, entre Estados Unidos, África do Sul, Uruguai, Argentina, tendo feito intercâmbio na Irlanda, mas já foi presidente do Centro Acadêmico da Ufes; assessor parlamentar na Assembleia Legislativa; secretário municipal de Turismo e, agora, tem projetos ousados para seu futuro. Proprietário de estabelecimento comercial em Marataízes, foi ele um dos responsáveis por tornar o Geredys, do seu pai, o que é hoje.

Sua trajetória sempre envolveu projetos coletivos e de certa forma ligados à política. Depois desses anos de experiência e, agora, olhando de fora, o que dá para dizer sobre os municípios do Sul do Estado e o desenvolvimento econômico dessa região? O que precisa para alavancar de vez?
É uma questão complexa, por conta da forma que encaramos a política no Sul do Estado. Nossa região vive um momento atípico para os modos atuais. Hoje, ainda, as coisas são muito vinculadas a certas famílias. Precisamos avançar, nos reciclar e observar outros lugares que vem dando certo, como em São Paulo, com João Doria. Um gestor totalmente diferente das características tradicionais da política, que vem da iniciativa privada e consegue desenvolver um bom trabalho no Poder Público.

Muitos jovens estão desiludidos com a política e, consequentemente, com o país. Você sempre teve esse espírito empreendedor e inovador. O que dizer para quem hoje busca uma oportunidade de trabalho ou que sonha em desenvolver seu próprio negócio? Os jovens estão desiludidos por quê?
O que atrai a juventude? As pessoas só lembram-se dos jovens em época de eleição. É preciso enxergá-los como seres pensantes e como o futuro da sociedade. Mas, muitas vezes, enxergam os jovens como ameaça. A gente vê a cada eleição o número de votos brancos, nulos e abstenção crescendo. As autoridades que estão constituídas foram escolhidas por nós e muitas vezes deixamos de exercer nosso poder como cidadão de cobrar e dar força à nossa voz, mostrando nossas necessidades e anseios. Se queremos algo diferente não é só saber votar. O papel que o cidadão exerce é que ajuda a desenvolver a sociedade através da cultura, com auxilio da economia, do trabalho, do empreendedorismo, zelando pela educação, pelo bem estar da sociedade em geral. É o líder comunitário, presidente de associação, comerciante de bairro, que muitas vezes vê seu negócio prejudicado por falta de estrutura, que cumprem essa função. Então, para as coisas acontecerem é preciso que exerçamos nossa cidadania, acompanhando o que acontece no nosso município.

Para você, como o Poder Público pode incentivar a iniciativa privada a se desenvolver e criar essa mentalidade empreendedora nos jovens?
Primeiro passo é respeitar a iniciativa privada. No Sul do Estado, onde as cidades são pequenas, a gente tem proximidade com o prefeito, vereadores, muitas vezes os encontra na rua, no supermercado, enfim, mas precisa integrar as redes sociais como um canal efetivo de comunicação com o povo, e não utilizá-las apenas como ferramenta de divulgação das ações que, na maioria das vezes, serve apenas para promover certos políticos. É preciso criar mecanismos de transparência e valorização dos empreendedores. A iniciativa privada hoje mostra a sua capacidade de gestão. O que segura o nosso país é a iniciativa privada. Então, o Poder Público tem muito a aprender com os empresários. É preciso abandonar a velha prática política e pensar de maneira inovadora e moderna, desburocratizando e apresentando soluções para que quem deseja empreender encontra no Poder Público um facilitador.

A gente percebe que você tem uma bagagem muito grande, tanto cultural, porque rodou vários países, como de administração pública e privada. Como você pretende colocar tudo isso à disposição da região sul capixaba? É intenção sua contribuir de alguma forma?
Através do diálogo. Além do horizonte, existe um lugar melhor, como diria nosso Rei Roberto Carlos. Precisamos entender que podemos muito mais do que nós imaginamos. A minha bagagem de vida ela tem a mesma importância social do que de quem nunca saiu de sua cidade, por exemplo. É preciso saber utilizar toda essa informação. Estou disponível, gratuitamente, para qualquer um dos 78 municípios do Estado, para contribuir e, assim como milhares de pessoas, ver nossa região crescer.

E as eleições de 2020. O que esperar?
Eu queria uma mudança completa. Imagina se todo mundo colocasse seu nome à disposição para ser candidato e for para a rua manifestar. Precisamos de todo mundo envolvido. Chegou a hora de todo mundo ter oportunidade, afinal, todo mundo pode contribuir. As pessoas precisam acreditar que a sua voz pode fazer a diferença. Estamos discutindo agora as mesmas coisas que eram nossas pautas há quatro anos. Pouquíssima coisa mudou. Estou à disposição, através da Fundação Raul Sampaio, que leva o nome de alguém que por meio da música e da arte podemos realizou coisas incríveis. E deixou duas mensagens: a primeira de Raul Seixas – Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha juntos é realidade. E a outra de Paulo Freire: Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.