Crônicas

É possível definir a fé?

Sou filha de família católica e que praticava a religião socialmente, isto é, éramos batizados, fazíamos a primeira comunhão e minha mãe nos levava a Igreja apenas em ocasiões muito especiais, como Páscoa e Natal.

Por: Marilene Depes em 7 de novembro de 2022

Sou filha de família católica e que praticava a religião socialmente, isto é, éramos batizados, fazíamos a primeira comunhão e minha mãe nos levava a Igreja apenas em ocasiões muito especiais, como Páscoa e Natal. Lembro-me que espontaneamente, ainda criança eu assistia as missas da Catedral todos os domingos. Fiz parte da Cruzada Eucarística e tinha o maior orgulho de usar um solidéu e sentar na Igreja em bancos marcados, inclusive a Igreja foi o primeiro espaço de acolhida para uma deslocada menina do interior.
Já adulta continuei a caminhada na fé, tentei encaminhar meus filhos, participei ativamente das pastorais, do Cursilho de Cristandade, do Encontro Conjugal, da Renovação Carismática e do Encontro de Adolescentes com Cristo. Hoje não sou tão ativa, mas estimulo a participação dos idosos da Vila Aconchego e formei um grupo de mulheres artesãs que trabalhamos para a Igreja. Narrei a caminhada, cuja alavanca é a fé. A imprensa tem dado destaque a esse tema, inclusive divulgando pesquisa provando que é mais fácil para os menos racionais acreditarem em algo tão impreciso como a fé. Sei que sou uma intuitiva, resolvo as questões rapidamente obedecendo a velocidade do meu pensamento, possuo uma energia fora do comum e ajo muito mais por impulso do que por reflexão.
Pratico minha religião sistematicamente por toda vida. Não perco tempo refletindo muito e buscando comprovações. Acredito que fé é um dom, que recebemos na medida da nossa acolhida. Por muitas vezes senti claramente a presença de Deus ou senti-me impulsionada a tomar atitudes que posteriormente percebia não serem frutos unicamente de um impulso pessoal. Não julgo Deus pelas mazelas nem desenvolvi um espírito crítico em relação a sua atuação concreta no mundo. Mas sou testemunha da sua ação em minha vida. Diagnosticada com uma doença rara e incurável entreguei-me nas mãos de Deus e o prognóstico de cinco anos de vida já se transformaram em quase 20 anos de saúde plena e sem medicamentos. Participo aos domingos da Santa Missa e creio que, ao receber a Eucaristia Jesus penetra na minha medula curando-a.
Assim como não vejo o vento e ele me refrigera o corpo, assim também não vejo o meu Deus, mas ele me refrigera a alma. Isso para mim é a fé!