Crônicas

É preciso um coração sábio

A nossa conterrânea, Dra. Margareth Dalcolmo, que é cientista e pneumologista, obteve um protagonismo indiscutível na pandemia, recolhendo e repassando ensinamentos a toda população. Não se cansou.

Por: Wilson Márcio Depes em 5 de outubro de 2020

A nossa conterrânea, Dra. Margareth Dalcolmo, que é cientista e pneumologista, obteve um protagonismo indiscutível na pandemia, recolhendo e repassando ensinamentos a toda população. Não se cansou. Continua a traçar caminhos. Quem quiser se cuidar e proteger o outro, por certo que é preciso acompanhá-la. Diz ela que com cerca de 200 projetos em pesquisa no mundo e nove em fase 3 de aplicação, inclusive no Brasil, já sabemos que há várias vacinas possíveis e eficazes, ainda que com taxa de proteção modesta, mas suficientes se somadas à imunidade comunitária — e que grande parte da população será contemplada.
Assevera que “Estamos como nunca, médicos, cientistas e pesquisadores, mais próximos da sociedade civil, numa espécie de humanização compulsória do nosso ‘fazer’. Recebemos com prazer muitas demandas de esclarecimento, inclusive de ligas de estudantes de medicina, para nos ouvir e dialogar sobre o que está acontecendo, o que é impacto de uma pandemia, algo impensado pelas novas gerações, seu prognóstico e um compreender verdadeiro de nossas vidas e do papel modificador deste momento. No Brasil, perdemos preciosos cérebros da área científica, por não encontrarem aqui condições adequadas de trabalho. No entanto, observamos que, exceto nos momentos iniciais da epidemia, quando muitas vezes tivemos que nos valer da experiência e até da improvisação pessoal pelo desafio do novo, houve uma união de esforços coletivos, generosa e eficiente, por parte da comunidade científica”. É notável a participação brasileira em estudos multicêntricos em colaboração internacional, bem como em publicações de experiências nacionais. Sim, cometemos erros de governança, e até de comunicação, confrontamos teorias conspiratórias, no que se refere à magnitude da pandemia e às medidas de controle, mas, com sabedoria, deveremos reconhecê-los e superá-los. O terceiro milênio, cuja aurora se recompõe na paisagem humana com a presente pandemia, muda rostos, ritmo de vida, cidades, sons e percepções, muda a política e, em última análise, a ciência, essa vencedora, mesmo com todas as cicatrizes. É propício, em tempo de Yom Kipur, o que diz o Velho Testamento em Salmos: “Ensina-nos a usar os nossos dias a fim de alcançar um coração sábio”.