Crônicas

Eu e as lives

Já no início da pandemia, com a suspensão das reuniões presenciais, senti um certo alívio em receber todas as informações pertinentes através de e-mails, vídeos, áudios e whatsapp.

Por: Marilene Depes em 13 de julho de 2020

Já no início da pandemia, com a suspensão das reuniões presenciais, senti um certo alívio em receber todas as informações pertinentes através de e-mails, vídeos, áudios e whatsapp. Em geral eu participaria de muitas reuniões, sendo que algumas até em Vitória. Estava achando bom, só que como nem tudo são flores, começaram as dificuldades. Passei a receber comunicados de cursos, palestras e capacitações, todos através de lives – e aí começa a minha via crucis. Sou muito responsável e meu desejo é participar de tudo, pois se referem a cuidados com a nossa casa de idosos, ou orientações a respeito dos conselhos em que estou inserida. Em geral três ou mais por semana, promovidos pelo Ministério Publico, Secretaria de Estado, Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos dos Idosos. Quando não coincidem daria para participar, a questão é que cada uma com um aplicativo ou link próprio, que é encaminhado via e-mail ou whatsapp, e que para acessar tem-se que inserir nosso telefone ou e-mail. Após inserir pedem a senha e eu nunca sei que senha é essa, digito a do celular e recebo a mensagem de que a senha do usuário está incorreta. Digito a do e-mail, e novamente está incorreta. Aí tento me recadastrar, me identifico, dou CPF, dados pessoais, e imagino – agora vai e infelizmente não vai. E comunicam que enviarão nova senha via e-mail ou por mensagem e infelizmente também não bate. Sempre inicio o processo com alguma antecedência para não perder nada e depois de meia hora de luta eu desisto, na maior frustração. Às vezes peço ajuda ao universitário, o neto que reside conosco, e nem ele consegue acessar. Conclusão: estou pegando ranço de lives.
Curto as lives de shows de artistas ou palestras de pensadores no you tube, canal de fácil acesso. E faço ressalva às lives do Instagram, em que nós somos conectados automaticamente. Não entendo porque cada órgão utiliza um aplicativo ou link, cada um mais complicado que o outro. Agora quando recebo o convite, e já são cinco nesta semana, eu questiono se é fácil acessar. E quanto aos que tenho participação presencial, no primeiro eu não me reconheci, fiquei segurando o celular numa distância muito próxima e desfavorável a quem possui mais idade, e olhando pra baixo fato, que piorou a imagem. Na segunda em diante coloquei um familiar para segurar o celular com distanciamento seguro contra visíveis sinais do tempo. A realidade é que, a cada convite que chega me bate uma agonia, um temor por mais uma possível frustração acumulada.