Comportamento

Excesso de telas pode fazer crianças perderem habilidade de desenhar

Os limites devem ser dados pelos pais dentro de casa, assim como o bom exemplo. É importante criar oportunidades dentro da família para todo mundo ficar offline e oferecer para espaço e oportunidade para as crianças brincarem livres, soltas, com criatividade.

Por: Redação em 25 de agosto de 2020

As telas já fazem parte da nossa realidade diária. Com a quarentena, o consumo de conteúdo por tablets, televisões e notebooks tornou-se uma constante. Para as crianças, não é diferente. As telas se tornaram aliadas dos pais na hora de manter os filhos entretidos, além de serem usadas para as aulas à distância, mas quais são os limites?

Os limites devem ser dados pelos pais dentro de casa, assim como o bom exemplo. Os pais precisam ser modelos e mostrar que eles fazem outras atividades e têm outros lazeres, além das telas. É importante criar oportunidades dentro da família para todo mundo ficar offline e oferecer para espaço e oportunidade para as crianças brincarem livres, soltas, com criatividade.

O uso extensivo de telas, quando não aliado e intercalado a atividades diferentes, pode causar atraso de desenvolvimento motor e social nas crianças. Isso acontece porque, enquanto estão focadas na tecnologia, elas não praticam atividades físicas ou criativas.

Se pensarmos em termos neurológicos, o cérebro se desenvolve por meio de estímulos. Então, se você não anda, você deixa de andar, porque você acaba não promovendo esse estímulo neurológico. Quando a criança fica só nas telas, ela acaba não tendo aquela exploração psicomotora que ela tem quando você dá um caderno e um lápis. Por isso, é essencial alternar atividades. Como as telas são muito acessíveis, acabam sendo uma carta na manga para os pais conseguirem trabalhar; acaba sendo uma solução muito fácil. Mas, às vezes, você pode, em vez de dar toda hora um tablet, oferecer um caderno e um lápis, um giz de cera.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que crianças de até 2 anos não sejam introduzidas a telas em nenhum momento. A partir dessa idade, elas podem ser apresentadas gradualmente.

Os pais também têm que ser modelos. Se eles ficam o dia inteiro nas telas, acabam mostrando que a vida é assim, que a gente fica sempre olhando para baixo. Você perde a oportunidade de as crianças brincarem espontaneamente. Temos que pensar que, sim, existem vantagens, há muitas informações ali, mas, por outro lado, é uma atividade passiva.

Danos à visão

O vício pode ainda causar danos de curto e longo prazo aos olhos das crianças. Além dos sintomas subjetivos, como cansaço visual, ardor, desconforto e dor de cabeça, a criança pode ter pseudomiopia [sintomas de miopia gerados pelo esforço feito para enxergar telas de perto] ou até um aumento de miopia. É possível ter estrabismo, sintomas de olho seco e até olho seco de verdade. Quando prestamos atenção em alguma coisa, temos a tendência de piscar menos e isso pode induzir ao olho seco. Pode surgir também a dificuldade para enxergar, tanto de longe quanto de perto. Tudo isso pelo uso aumentado de telas.

Para crianças maiores e adolescentes, é recomendado métodos de descanso que também podem ser oferecidos a adultos, como o método 20-20-20. A cada 20 minutos de uso de telas, a pessoa deve fixar seu olhar por 20 segundos em algo que esteja a aproximadamente 6 metros. Para quem estuda ou precisa passar mais tempo em frente à tela, é recomendável uma pausa de 15 a 20 minutos a cada duas horas.

Embora boa parte dos sintomas possam ser tratados facilmente, como colírios recomendados para o tratamento de olho seco, o estrabismo e o aumento de miopia podem gerar problemas futuros.