Crônicas

Há que se comemorar?

O tema de hoje é recorrente, escrevo no Dia dos Namorados e me questiono: é normal querer ainda comemorar uma relação tão longeva, principalmente quando ela envolve pessoas tão diversas?

Por: Marilene Depes em 19 de junho de 2023

O tema de hoje é recorrente, escrevo no Dia dos Namorados e me questiono: é normal querer ainda comemorar uma relação tão longeva, principalmente quando ela envolve pessoas tão diversas? Como é possível estarmos juntos e felizes após tantos anos, exatamente o sexagésimo primeiro ano, desde quando uma garota de 17 anos encontrou o rapaz de 18 anos e se apaixonaram.
Eu, estudante do Liceu, ele sem escola fixa na época. Estudar nunca fora seu objetivo, sempre foi naturalmente inteligente, já trabalhava e se destacava nos jogos de basquete e sinuca. Guardo com carinho seus troféus, e até hoje ele é um campeão. Eu nunca apreciei jogos em que há disputa, meus interesses eram os livros e a dança. E para me agradar ele concordou em fazer aulas, e a dança de salão se tornou um hobby que muito nos une.
A vida nos transforma em seres adaptáveis, não aprecio bebidas e naturalmente me transformei na motorista de quem as aprecia. Detesto filmes de ação e às vezes me vejo no sofá apenas fazendo companhia. Aprendi com ele a assistir jogos de futebol, e pelo menos nesse quesito não há divergência, somos Flamengo.
Passamos por muitas dificuldades, um começo conturbado, ambos muito jovens e vindos de mundos totalmente diversos. Sou católica praticante e ele me acompanha quando não consegue se esquivar. Sou festeira, ele nem tanto, amo praia e mar, ele areia e bar, vivo o presente e ele organiza o futuro para que nada nos falte. Em política somos divergentes, e a maior prova do amor que nos une é termos superado juntos as últimas eleições presidenciais. Ele curte supermercado, gosta de cozinhar, eu nem tanto, nossos gostos alimentares também se diversificam, porém ele não deixa faltar o que aprecio. E quando entro no carro pela manhã, um carro que sempre foi o melhor da casa, eu agradeço a Deus pelo homem que colocou em minha vida. Já senti na carne o que seria perdê-lo. E nesse sexagésimo primeiro ano do Dia dos Namorados declaro que, com todos os nossos defeitos e qualidades, se pudesse voltar atrás eu viveria tudo de novo.