Crônicas

Homenagem às mães

Planejei durante dias homenagear às mães pelo se dia. Planejei escrever sobre esse sentimento lindo da maternidade, do amor irrestrito das mães por seus filhos e concluí que seria utopia.

Por: Marilene Depes em 10 de maio de 2021

 

Planejei durante dias homenagear às mães pelo se dia. Planejei escrever sobre esse sentimento lindo da maternidade, do amor irrestrito das mães por seus filhos e concluí que seria utopia. Nem todas as mulheres possuem instinto maternal, o que não as diminuem perante as demais, muitas se tornam mães seguindo os padrões da cultura e não da sua natureza biológica. Hoje as mulheres têm a possibilidade de optar se acatam a maternidade ou não, sem causar escândalo. Quando me casei não era assim, alguns meses após o casamento nós já éramos cobradas sobre uma possível gravidez. E coitadas daquelas que, por algum motivo, não conseguiam engravidar, se tornavam párias da sociedade. E infelizmente os filhos ainda são usados para tentar segurar parceiros em relacionamentos, o que na maioria das vezes não dá certo.

Tenho visto, como uma atitude muito sábia, os jovens que ao se casarem preferem esperar algum tempo para decidir pela vinda dos filhos, e nem é questão de egoísmo e sim de bom senso. Hoje eu quero homenagear as mães dedicadas e plenamente envolvidas no seu papel, tentando desempenha-lo o melhor possível. Eu não me coloco na posição de uma mãe exemplar, meus filhos vieram por um ato de amor, fiz o que pude por cada um deles, mas sempre penso que poderia ter sido melhor. Não sei se esse sentimento de inadequação persegue todas as mães, se essa cobrança é comum, só sei que com meus netos tento compensar. E isso é possível porque com eles temos a favor o fator tempo, tanto de maturidade quanto de dedicação.

E a semana de mais e mais perdas, parece que nunca se esgota o vale de lágrimas, culmina com a morte do ator e humorista Paulo Gustavo, uma grande perda para a comédia, pela alegria e a energia positiva que ele transmitia a um povo tão desesperançado e pelo exemplo que deu como homem, na condição de assumir a sua homossexualidade com a naturalidade como deve ser encarada. Que exemplo magnífico de se aceitar, de viver sua sexualidade e a coragem de buscar a maternidade como um direito ao qual bem mereciam, ele e seu marido. Penso em todos nós, que perdemos um pouco da alegria que ele nos proporcionava, e penso em seus filhos, pela ausência e a impossibilidade de conviver com um pai e mãe, com espírito tão evoluído, junto deles. E num tempo de tantas perdas, numa tentativa de superação, quero homenagear minhas filhas, Daniella e Rebeka, que se revelaram grandes mães, muito melhores do que eu pude ser.