Crônicas

Jovem senhora

Caminhava pelo calçadão da Praia de Itaparica, Itapuã e da Costa, caminhava como voa um passarinho em manhã ensolarada de um domingo de verão, um sentimento de liberdade e completude, invadido de alegrias pelas coisas que via.

Por: Sergio Damião em 6 de junho de 2022

Caminhava pelo calçadão da Praia de Itaparica, Itapuã e da Costa, caminhava como voa um passarinho em manhã ensolarada de um domingo de verão, um sentimento de liberdade e completude, invadido de alegrias pelas coisas que via. Admirava a restinga que começava a tomar corpo e ocupar as várias partes da areia da praia. Ainda não se apresentava o canto do anum branco próximo à banca de frutas ou do coco gelado, mas já se desenhava uma praia e calçadão com a beleza atual. Dois ciclistas se aproximam. Encontrava-me com um cordão de ouro que ganhara pelos 25 anos de matrimônio. Por instantes observaram, atentamente, o cordão. Logo, seguimos em direções opostas. Retornaram, de repente, um de cada lado do meu corpo e um dos ciclistas, em fração de segundos, retirou minha joia. Não tive tempo de esboçar nenhuma reação. Não fiz B.O. Recentemente, em Itapuã, na Resplendor, oficialmente: rua Valdemar Verçosa Pitanga. Rua que se junta ao calçadão onde ocorreu minha perda. Na Resplendor, um policial militar aposentado foi assaltado por conta do relógio e celular. Estavam de bicicletas. No fim de semana, as marcas do sangue da vítima ainda se encontravam no asfalto. Na TV, dias antes, a Superintendência de Policia dizia: temos policiamento. Confirmava pelas estáticas. Vejam os números de B.O. Conclusão: a culpa foi minha e demais cidadãos. Interessante, as instituições deveriam, também, realizar seus trabalhos com fatos expostos na mídia (TV, Rádio, Jornais…). Quando avistei o asfalto e fiquei em dúvida sobre a minha culpa, estava a caminho da padaria. Buscava o pão de sal e o croissant (na verdade algo que se assemelha a medialuna argentina) que não deixam de alegrar as manhãs dos meus fins de semana em Itapuã. Em rua paralela à praia, uma transversal da Resplendor, encontra-se a confeitaria. Um pouco antes, uma jovem senhora, e solitária, limpava e varria o espaço em que se encontrava. Pelas tralhas acumuladas, e o colchonete embaixo da marquise do prédio, imaginei que ali residia. O que me surpreendeu foi seu espírito feminino. Era uma moradora de rua, cuidava do local como se fosse dona, todo o cerimonial de um lar. Ao retornar com o pão e o croissant, ao rever a jovem senhora, fiquei com um sentimento: não foi a falta do B.O. Era algo a mais.