Crônicas

Malta

Um ano diferente: 2020. Sentimentos alternantes de angústia, medo, esperança... Lembro bem, desde os meus sete anos de idade, cada instante de vida passada. Nada se compara aos tempos atuais.

Por: Sergio Damião em 13 de julho de 2020

Um ano diferente: 2020. Sentimentos alternantes de angústia, medo, esperança… Lembro bem, desde os meus sete anos de idade, cada instante de vida passada. Nada se compara aos tempos atuais. Algo diferente em nós e nos outros: nos olhares… (o uso obrigatório da máscara, não deixa ver o restante das manifestações faciais). Bem verdade que, apesar do distanciamento físico, nas mensagens eletrônicas, nos aproximamos mais. Afinal, somos todos vulneráveis, apesar de riscos diferentes. Com a calamidade pública e o Covid-19, o noticiário televisivo noturno assusta. No YouTube desvendo histórias culturais de vários povos. Tal qual Sherazade venceu a morte com os contos das Mil e Uma Noites, nos vídeos das cidades venço as minhas angústias enquanto o clarão do dia não se anuncia acima do rio Itapemirim, Frade e a Freira e o Pico do Itabira. Nas noites desses quatro meses, visitei Jerusalém, me banhei no rio Jordão, escalei os Montes de Sião e a Montanha dos Sermões. Terminei no Santo Sepulcro. Atravessei o Atlântico e me detive em frente à Estátua da Liberdade. Retornei a Europa e na Alemanha me encantei com as figuras folclóricas em meio aos raios solares da Floresta Negra. Nas noites de abril, visitei a América do Sul: revi a Catedral de Lima; as esculturas de Botero em Bogotá e Medellin; sentei ao lado das águas caribenhas de Cartagena e reli os textos do realismo mágico e fantástico de Gabriel Garcia Marquez. Em fim de abril voltei a Cusco e Machu Picchu e caminhei pelos parques e bosques de Palermo em Buenos Aires. Por fim, mergulhei nas águas mornas das praias do nordeste brasileiro. Nas noites de maio, enquanto pensava nos contos de Sherazade, que entretinha o Sultão e evitava a morte ao amanhecer, conheci o Irã e me surpreendi com a riqueza de sua cultura persa; no Iraque, junto ao rio Eufrates, localizei os Jardins Suspensos da Babilônia. No fim de maio, conheci Malta: um país arquipélago. No mar mediterrâneo, entre a Sicilia e o norte da África. Uma cultura acumulada dos povos fenícios persas, gregos, romanos… Uma beleza que se acentuou com a chegada dos Cavaleiros da Ordem de São João (Hospitalários), contemporâneos dos Templários, uma Ordem Cristã que passou a se chamar Cavaleiros de Malta.