Crônicas

O futuro na medicina

Estou lendo um livro muito interessante, de autoria do Dr. Paulo Niemeyer Filho, talvez o maior neurocirurgião do país, no qual venho captando muitos ensinamentos que respondem perplexidades minhas.

Por: Wilson Márcio Depes em 13 de outubro de 2020

Estou lendo um livro muito interessante, de autoria do Dr. Paulo Niemeyer Filho, talvez o maior neurocirurgião do país, no qual venho captando muitos ensinamentos que respondem perplexidades minhas. Por exemplo, o que se sabe sobre as consequências neurológicas do coronavírus? Diz ele que do ponto de vista prático e clínico, a manifestação mais comum foram os acidentes vasculares cerebrais causados por trombose. A gente sabe que a Covid produz um distúrbio de coagulação, e vimos no IC alguns casos de AVC até com óbito devido à gravidade desses infartos cerebrais. E mais. Acrescenta “que o cérebro é realmente fascinante, nossa alma e nossa vida estão aqui dentro. Quando comecei a faculdade, falar do cérebro surpreendia até os colegas porque era algo muito especializado. Hoje, os programas de TV, as revistas, todos fazem matérias sobre neurociência. Mas a gente ainda ouve bobagens, como a história de que só 10% do cérebro são usados. Na realidade, ele tem um limite de capacidade, e nós, com o progresso da ciência, vamos ajudando. Assim, você perde visão e coloca óculos, anda com dificuldade e usa o carro. Hoje, não podemos mais viver sem computador nem telefone, porque nossa capacidade de registro é limitada. Precisamos de apoio da chamada “mente estendida”, a continuidade do cérebro. Acho fascinantes os estudos sobre transmissão de pensamento. Existe energia nessas coisas, como quando pensamos em alguém que nos liga. Vários países vêm estudando isso. Parece futurista, mas não acho impossível. Penso que alguma coisa vai sair daí. O livro é fascinante. Diz que “futuramente, não vai se falar de cirurgia, e os livros vão para o museu para lembrar uma época em que se abriam a cabeça, a barriga e o tórax do paciente. É antinatural. A cirurgia do câncer, por exemplo, vai acabar, o caminho vai ser pela genética e imunoterapia. Olhamos para os genomas com a mesma ignorância com que, há 500 anos, abríamos um cadáver e não sabíamos para que servia o fígado ou que nome dar àquilo. Estamos entrando numa nova era da medicina, mais preventiva e menos invasiva. Vamos detectar os genes que podem causar tumores na infância e já corrigi-los. Hoje, no consultório, é comum quando digo ao doente que ele tem que operar, ele perguntar: “Mas tem que abrir a cabeça?” Já começa a parecer um absurdo. Isso deve ocorrer em menos de 100 anos.