Entrevista
O que está por trás do Coronavírus? Como lidar com o medo provocado pela pandemia que força o afastamento social
Ponto de vista comportamental sobre como o novo Coronavírus está impactando as emoções das pessoas
Por: Redação em 20 de março de 2020
Mentor e especialista em desenvolvimento pessoal e alta performance, Paulo Alvarenga, chama à reflexão: “Estamos passando por um momento que mudará a forma como viveremos daqui pra frente, sendo necessário o gerenciamento das emoções com consciência e positividade. Manter-se em estado de medo excessivo pode afetar o sistema imunológico e a saúde em diversas frentes. Para fugir dessa cilada mental, crie rotinas e rituais que tragam mais leveza e alegria para a nova dinâmica da vida, com a certeza de que esse período difícil vai passar. Trata-se de uma excelente oportunidade de aprendizado para o ser humano”
“Diante de tantas incertezas, muitas pessoas não sabem como lidar emocionalmente com essa situação, o que pode gerar ainda mais pânico e desespero”, avalia o mentor e especialista em desenvolvimento e alta performance e CEO da Mastersoul, Paulo Alvarenga. A seguir, ele fala a partir do ponto de vista comportamental sobre como o novo Coronavírus está impactando as emoções das pessoas e dá dicas para lidar com esse momento de forma equilibrada, com organização e positividade.
“Em uma sociedade complexa, onde não é aceitável se mostrar vulnerável, muitas pessoas não estão dando a devida importância para a seriedade e para a concentração de esforços que a situação exige. Por outro lado, muitas estão mantendo níveis altos de ansiedade, provocadas pelo excesso do medo causado pela pandemia do Coronavírus. O medo é importante porque nos deixa em alerta, mais focados. Ele traz presença e isso pode ser utilizado ao nosso favor, mas não podemos deixar que o medo se transforme em pânico, elevando o nível de estresse. Isso pode afetar o sistema imunológico ou levar as pessoas em direção a estados depressivos ou de alta ansiedade por conta do afastamento social, por exemplo”, explica o especialista.
A seguir, Paulo aponta três aspectos do medo e sugere formas para lidar com esse sentimento em tempos de Coronavírus:
1 – Foco na dor
“Estar focado na dor provocada pelo momento atual é real e o sofrimento é opcional. O sofrimento vem da questão da mentalidade que criamos em relação ao medo de se perder algo (emprego, dinheiro, saúde ou a vida), o que leva a pessoa a viver um estado de alucinação e, logo, um sofrimento intenso que pode impactar em perda de energia e ao adoecimento físico e mental. São quatro letras para trabalharmos a reflexão: R (relativo), P (peso), I (importância) e D (duração), onde se cria um processo de pensamento fixo complexo em cima do medo e perda e que pode ser gerenciado com inteligência emocional. Para sair desse estágio, foque nos ganhos, que é estar com a as pessoas que se ama, na oportunidade de se dar uma pausa, realizar atividades prazerosas, desenvolver um novo estilo de vida ou brincar com os filhos. Escreva os ganhos em um papel e faça um diário de benefícios. Essa ação transforma a mente e ajudará a pessoa a gerenciar de forma mais consciente e positiva as suas emoções. Precisamos entender que temos a chance de nos reinventar a partir de um evento extremo, que força a mudança da dinâmica da vida como um todo”, recomenda Paulo.
2 – Processo da dor e mudança
O especialista aponta que neste momento, com a necessidade involuntária de alterações na rotina e nas dinâmicas social e profissional, as pessoas podem ficar presas à dor do processo de mudança. “Com isso, a tendência é achar que tudo é muito difícil nesse processo, principalmente quem conta com prestadores de serviço como diarista, babás, cozinheiros, por exemplo. Sair dessa cilada mental é tornar o processo mais leve, com rotinas e rituais em casa para obter eficiência, buscando sempre a diversão. Colocar alegria nesse processo é fundamental para que as atividades do dia a dia fluam com organização e positividade: leiam mais, criem jogos, cozinhem em família, ouçam música, relembrem bons momentos, dividam as tarefas para que não pese nas atividades de uma só pessoa, assistam aos bons filmes etc. É necessário gestão. Assim, as pessoas conseguirão reaprender muitas coisas, produzir muito mais e se conectar – assim, a pessoa conseguirá mudar sem afetar negativamente o seu estado emocional”.
3 – Resultado da dor
O terceiro item nesse processo apontado por Paulo Alvarenga é o resultado da dor. “De acordo com más experiências passadas, muitas pessoas ficam presas mentalmente ao resultado da dor, cultivando sentimentos negativos de medo e não conseguem seguir em frente em alguns pontos da vida. Em uma situação de ameaça, as pessoas podem ficar paralisadas, correr ou lutar. E esses três comportamentos, que fazem parte do resultado da dor, estão acontecendo neste exato momento com a pandemia de Coronavírus. Porém, essa é uma oportunidade de aprendizado, principalmente observado o resultado da dor de países como China, Itália e Portugal, que estão passando pela crise de forma crítica. É hora de agir com inteligência e empatia e não ficar parado e deixar de fazer coisas importantes”.
“O fato de uma parcela da população ter iniciado uma corrida às gôndolas de supermercado, o que chamamos de panic buying, por exemplo, mostra como elas estão imersas em seus egos, em um estado de sobrevivência, pensando em si mesmas. Dificilmente têm um pensamento de bem comum no estágio de sobrevivência e isso é absolutamente compreensível a partir desse ponto de vista. Nele, não existe compaixão, empatia ou solidariedade. Assim, temos que trabalhar a consciência em direção ao equilíbrio da percepção sobre o que está acontecendo – nem o medo paralisante e nem a ausência dele. Para controlar esse pensamento negativo e transformá-lo, faça um diário das emoções, mantendo-se informado de forma equilibrada ao mesmo tempo em que realiza outras atividades prazerosas. Muito importante: não deixe de se exercitar dentro de casa – faça Yoga, meditação, exercícios localizados ou simplesmente dance. Alimente-se bem e mantenha seu nível energético alto. Precisamos estar muitos fortes depois que esse tsunami passar para nos recuperarmos dos impactos, principalmente, os econômicos que esse evento vai deixar”.