Crônicas

Como não se deve fazer…

O professor Paulo Sternick, já esgotado, revela que o caráter que é inflexível e rígido -, incapaz de se olhar e de fazer autocrítica, vê seu lado patológico enrijecer e proliferar como erva daninha, sufocando alternativas de sanidade.

Por: Wilson Márcio Depes em 1 de março de 2021

 

Pela rua encontro pessoas sem máscara. Numa proporção enorme. Já não esboço qualquer reação externa, só interna. Volto pra casa – queria não dizer isso – muito triste. O professor Paulo Sternick, já esgotado, revela que o caráter que é inflexível e rígido -, incapaz de se olhar e de fazer autocrítica, vê seu lado patológico enrijecer e proliferar como erva daninha, sufocando alternativas de sanidade. Este caráter será seu destino. Veja o que acontece com os governantes em relação aos cuidados com a pandemia. Já não digo no que concerne à obtenção das vacinas, mas a sua logística de distribuição. O Brasil, que sempre foi exemplar na aplicação das vacinas, hoje é exemplo no mundo em termos de desorganização. Um festival de desordem assola o país. Não trato aqui de título de jornal, mas – escrevo na quinta-feira– são “365 dias de despedidas”. Sim. Pode-se dizer que estamos diante de um memorial de despedidas. O Brasil chegou esta semana a 250 mil mortes pela Covid-19, véspera do dia em que se completa um ano do primeiro diagnóstico de infectado pelo novo coronavírus no país. A história registra o empresário de São Paulo que viajou à Itália, sobreviveu, sem sequelas. Mas, difícil acreditar, o Brasil é o segundo país com mais mortes, atrás apenas dos EUA, e o 25º em óbito por milhão de habitantes.

A vacinação segue a passos lentos. E o país encara o crescimento da doença, com variantes do vírus se espalhando. Tenho que repetir, me perdoe, o nosso país vem demonstrando o que não se deve fazer diante da pandemia. “Quantas vidas seriam poupadas com vontade política?”, pergunta a microbiologista Natalia Pasternak. Posso duvidar dela em favor de um governo que, além de incompetente, possui um presidente completamente insensível a esta situação?

Reconheço que há um ano seria até compreensível as pessoas não entenderem por que temos que usar máscara e não fazer aglomeração. Um ano depois, lamentavelmente, é duro ter que insistir nisso. Muita gente morreu – e digo isso com base em informações científicas – com a irresponsabilidade de “tratamento precoce” receitado pelo próprio presidente da República. Temos líderes com mau exemplo. Péssimo, diria mais. Tudo é muito triste para mim. Desculpem.