Crônicas

Crime contra a democracia

As agressões que ameaçaram o Ministro Alexandre Moraes, do STF, e sua família, não podem deixar de ser apurada de acordo com o que determina o estado de direito.

Por: Wilson Márcio Depes em 24 de julho de 2023

As agressões que ameaçaram o Ministro Alexandre Moraes, do STF, e sua família, não podem deixar de ser apurada de acordo com o que determina o estado de direito. A meu sentir – e isso parece claro, mas não se pode acusar sem provas –  é ainda uma sobra do radicalismo que prosperou em nosso país durante o governo bolsonarista. Quem tiver dúvida, que atire a primeira prova falsa.  No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura, desobediência e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. De ambos os lados. Tanto por parte dos bolsonaristas, assim como do governo de Lula.

A política todos os dias produz um fato novo.  Mas não são esses fatos antidemocráticos – me permita o leitor –  que tornam mais bela, generosa e providencial a face do desenvolvimento do país. A liberdade e a justiça social conformam a face mais bela, generosa e providencial do desenvolvimento, quando  olha para despossuídos, os subassalariados, os desempregados, e os ocupados em ínfimo ganha-pão ocasional e incerto, enfim, para a imensa maioria dos que precisam para sobreviver, em lugar da escassa minoria dos que têm para esbanjar.

Não é com ataques, desaforos, inimizades, desrespeito à dignidade humana que se faz um país digno para todo o mundo. Concordo – poucas vezes concordei com O Globo –  quando em, seu editorial, diz que passada a tempestade institucional, o Brasil tem de voltar sua atenção para os graves problemas sociais que nos separam das nações mais desenvolvidas. Ao Congresso cabe se dedicar às importantes reformas de que o país precisa para voltar a crescer; também é essencial regular as plataformas digitais, que tanto contribuíram para a instabilidade democrática no governo que se encerrou lamentavelmente.

Do Poder Judiciário – que alguns acreditam que é proeminente –  espera-se que cumpra a Constituição, com independência e coragem, mas também com discrição e autocontenção.  Não se faz justiça com agressões insólitas e repulsivas como as produzidas contra o Ministro e sua família.