Comportamento
Energia pessoal X tecnológica e nossa relação com os aparelhos
Muitos tiveram que aderir ao trabalho remoto, adaptar rapidamente seus negócios para ambiente online, e passar a ter interações sociais via telas — quem diria que comemoraríamos tantos aniversários por videoconferências.
Por: Redação em 9 de julho de 2020
Em tempos de pandemia e isolamento social, estar conectado a internet e as demais tecnologias se tornou quase uma necessidade. De uma hora para outra, muitos tiveram que aderir ao trabalho remoto, adaptar rapidamente seus negócios para ambiente online, e passar a ter interações sociais via telas — quem diria que comemoraríamos tantos aniversários por videoconferências. Até quem não tinha o costume de usar muito o celular ou computador, se viu nesta nova situação.
O uso da tecnologia impacta nossas vidas. Quem viveu no início da década de 1990,e pegou o grande boom da internet no Brasil certamente se lembra como era a vida antes de termos o universo digital em nossas mãos: éramos obrigados a decorar rotas, números telefônicos, fazer cálculos usando apenas as nossas funções cerebrais.
Agora, com o acesso à internet em smartphones, podemos conseguir, através de uma tela, desde atendimento médicos até serviços e informações simples e rápidas.
Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o uso da internet no Brasil cresceu durante a quarentena: o aumento foi entre 40% e 50%, e a alta foi ainda maior para servidores internacionais. Entretanto, como tudo na vida, o excesso de tecnologias e telas pode gerar comportamentos problemáticos em diversas áreas da nossa saúde, inclusive na saúde física.
A parte ruim
Se, mesmo em casa, você passa o tempo todo com o celular na mão, checa ele a cada 5 minutos, não consegue desligá-lo e, no meio de conversas reais, introduz o aparelho (“é só uma checadinha!”), é algo há se atentar.
A tecnologia não é o problema, mas o uso que fazemos dela. Smartphones, redes sociais, tudo isso é extremamente novo. O nosso sistema nervoso foi evoluindo ao longo de milhares de anos, e ele se desenvolveu com base nas interações reais, isto é, quando eu mostrava algo a alguém, ela não me dava um like, eu via a reação no rosto da pessoa de forma instantânea.
Sob o ponto de vista cerebral, uma das principais características dos dispositivos eletrônicos, como os celulares e tablets, é o acesso a um número ilimitados de notificações, dividindo o tempo todo nossa atenção – o que por sua vez pode diminuir a nossa capacidade de aprofundamento e concentração em uma única tarefa.
Existem diversos estudos relacionando o tempo de tela com depressão, ansiedade e distúrbios de sono.
Distúrbios de imagens também podem ser facilmente relacionados ao excesso de uso de certos aplicativos, já que quando se posta uma foto está se construindo uma imagem sobre si para os outros, que muitas vezes não condiz com a realidade – o que a longo prazo pode trazer grandes problemas.
Ainda está em discussão na ciência se o abuso de tecnológicas é caracterizado como uma patologia, mas entre especialistas, é unânime que o seu excesso pode desencadear outros transtornos psicológicos como ansiedade e depressão, principalmente em gerações mais novas e mulheres. Cada vez mais, várias pesquisas afirmam que as redes sociais estão por trás do aumento do risco de depressão e suicídio, especialmente em mulheres. Pessoas que apresentam uma predisposição genética para transtornos mentais podem desencadear uma compulsão pelo uso da tecnologia.
Abuso da tecnologia: Como identificar quando é um problema
Podemos identificar que o abuso no uso de tecnologias está fazendo mal quando a funcionalidade da pessoa é prejudicada, ou seja, quando percebe que as outras áreas da vida (profissional, social, afetiva) estão acarretando prejuízos.
Smartphones, computadores e aplicativos têm algo em comum e que fazem muito bem: estímulos que literalmente sequestram a nossa atenção. Quando aparece uma notificação no celular, essa informação é uma mudança no visual, e a retina tem células para identificar movimento, então você vai olhar. Normalmente é algo que te interessa e, consequentemente, você recebe uma injeção rápida de neurotransmissores que te dão uma sensação de bem-estar. Entretanto, um estudo recente feito por pesquisadores Universidade de Heidelberg, na Alemanha, mostrou que o uso compulsivo do celular pode causar diminuição da massa cinzenta do cérebro, mesma consequência provocada pelo abuso de cocaína e outras drogas.
As dicas a seguir servem para toda a vida, com o objetivo de ter uma relação mais saudável com as tecnologias. Mas, caso você apresente alguns dos critérios que a enquadrem em um indivíduo com “vício em internet”, é aconselhado a buscar apoio psicológico e de grupos de apoios existentes sobre o tema.
Monitore o uso
Antes do surgimentos dos smartphones e até dos computadores, as pessoas liam jornal, revistas, mas não faziam isso a cada 10 minutos, mas em um momento do dia. É importante determinar horários e objetivos no uso de celulares. Sugere que o uso seja dividido em períodos dos dia, como pela manhã, acessar notícias e e-mails, mais tarde, determine uma hora para acessar suas redes sociais.
Para dormir, fique longe das telas.
Não use telas duas horas antes de dormir e, se for necessário, use filtros de luz azul no aparelho. De acordo com estudos científicos, a exposição à luz azul, presente na tela do seu celular e tablet, representa uma séria ameaça aos neurônios retinais e inibe a secreção de melatonina, um hormônio que influencia os ritmos circadianos. A maioria dos sistemas de operacionais de smartphones e computadores já permitem ativar o filtro de luz azul, ajustando a tela de cor natural, o que pode proteger os seus olhos e ajudar a dormir com facilidade.
Aumente suas fontes de prazer
A prática de atividade física e meditação tem impacto positivo no sistema nervoso central, auxiliando o indivíduo na manutenção de uma vida saudável, equilibrando inclusive os efeitos desta exposição tecnológica que estamos comumente adaptados. Neste período de quarentena, busque aumentar suas fontes de prazer, com a prática de atividade física ou desenvolvendo habilidades novas. Existe vida fora da internet, explore-a mais!
Conecte-se com a natureza.
A natureza funciona como um verdadeiro para-brisa mental, limpando o nosso corpo e da alma. Em um estudo de 2016 chamado “30 Days Wild”, realizado pela Universidade de Derby, na Inglaterra, pesquisadores pediram a 12.400 participantes se envolvessem com a natureza todos os dias durante um mês. As sugestões incluem desde fazer um piquenique, abraçar uma árvore, plantar algumas sementes de flores silvestres, ficar acordado até tarde para ver as estrelas e procurar formas nas nuvens. Os resultados mostraram que simplesmente passar o tempo na natureza tem impactos positivos na saúde física, como redução da hipertensão e doenças respiratórias e cardiovasculares, além de melhora do humor e redução da ansiedade.