Comportamento
Manual do delivery saudável: como pedir comida durante a pandemia?
Quarentena imposta pela pandemia está contribuindo ainda mais para esse cenário: muita gente aposta nas entregas de refeições para facilitar o dia a dia
Por: Redação em 22 de maio de 2020
Pedir comida em casa é um hábito que os brasileiros vêm adotando há um tempo. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), as encomendas via aplicativo movimentaram cerca de R$11 bilhões somente no ano passado. E a quarentena imposta pela pandemia aparentemente está contribuindo ainda mais para esse cenário: muita gente aposta nas entregas de refeições para facilitar o dia a dia ou ter um momento especial com a família. Mas dentre tantas opções disponíveis, é possível optar por um delivery saudável?
Culturalmente falando, a comida é vista como um prêmio.
“Desde pequenos, somos levados a construir esse tipo de relação com a alimentação. Se estamos tristes, ingerimos algo para nos animar. Se ficamos felizes, comemoramos com um jantar, por exemplo. Parando para pensar, a comida está presente em diversas ocasiões importantes de nossas vidas, desde festas de aniversários a formaturas e casamentos”, diz o psicólogo e doutor em neurociência do comportamento Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME). A educação que recebemos na infância também reproduz a ideia de que alguns ingredientes devem ser merecidos. Afinal, quem nunca escutou dos pais ou familiares “se você parar de chorar, vai ganhar aquele chocolate que gosta”?
Certos alimentos estimulam a liberação de hormônios.
“Os gordurosos contribuem para a produção de leptina, conhecida como o hormônio da saciedade. As dietas muito restritivas também ativam a necessidade de compensação do cérebro e, então, quando a pessoa se vê diante de algo que ela não pode comer, exagera pela sensação de bem-estar que isso proporciona”, afirma a nutricionista Gabriela Cilla (@gabi_cilla), da Clínica NutriCilla. O açúcar é outro ingrediente muito conhecido pela onda de substâncias que libera no organismo (como a dopamina).
E também nossos sentidos.
“A comida provoca vários estímulos externos através dos sentidos, como boa aparência (visão), odor agradável (olfato), textura suave (tato) e sabor (paladar). Todos eles liberam neurotransmissores que chegam ao sistema nervoso e resultam em sensações agradáveis (ou não)”, diz Marcella Garcez. A memória afetiva também entra em jogo: alguns pratos são associados por nós a lembranças alegres ou pessoas importantes.
Como escolher o delivery saudável ideal
A nutricionista Gabriela Cilla explica que uma comfort food não precisa, necessariamente, ser maléfica para o corpo. Um delivery saudável, por exemplo, pode suprir algumas necessidades do dia a dia e ainda promover a sensação de bem-estar. “Procure, no aplicativo, por restaurantes com uma pegada mais natural e orgânica. E encontre pratos gostosos, mas ainda nutritivos. É o caso do escondidinho, que contém fontes de proteína e carboidratos.”
Contudo, se a vontade for de algo mais calórico (tudo bem, isso acontece!), evite os fast-foods e preze sempre por lugares que usam ingredientes produzidos por eles. Afinal, um hambúrguer artesanal é muito mais delicioso que o industrial. Gabriela ainda dá dicas sobre o que optar em casa situação:
Restaurante japonês: “Troque os itens fritos (tempurá, harumaki e hot rolls) por sashimi e sushis feitos com peixe cru. Peça um temaki sem cream cheese e vá de legumes assados.”
Restaurante tex-mex: “Pratos com guacamole [mistura de abacate com limão, tomate, cebola e ervas] e bases assadas (tortillas e quesadillas) são ótimas opções. Em alguns lugares, os nachos não são fritos, então pergunte para o estabelecimento antes.”
Prato-feito: “Escolha uma proteína menos gordurosa, como o peito de frango. E evite acompanhamentos como a batata frita – troque por legumes cozidos.”
Pizzaria: “Recheios com pouca gordura e muita proteína são os melhores. Atum, frango, vegetais e legumes ficam ótimos na pizza. E evite o catupiry na borda, assim como os condimentos.”
Hamburgueria: “Certifique-se de que a carne usada é a mais natural possível. Evite condimentos se você fizer questão de bacon.”
Além de prestar atenção na saudabilidade da comida a ser pedida, agora é preciso também atentar-se à higiene. Marcella Garcez explica que não há evidências de que a COVID-19 seja transmitida por meio dos alimentos, e o cozimento dos mesmos elimina o vírus. No entanto, há o risco de contaminação das sacolas e embalagens. “Elas devem ser limpas com água e sabão, desinfetante, água sanitária ou álcool de limpeza 70”, afirma.
Ao entrar em casa, você precisa esvaziar o conteúdo em um prato limpo, descartar a embalagem em um saco de lixo e lavar bem as mãos antes de comer. “Tire a comida do recipiente com uma colher e coma com garfo e faca, não com as mãos”, diz a médica. O reaquecimento da refeição é opcional, mas garante uma segurança extra.
Pratos como saladas, comida japonesa e frutas (que são crus) oferecem maiores chances de contaminação justamente por não serem aquecidos. “Porém os estabelecimentos que preparam esse tipo de alimento fresco para delivery e consumo seguem regras rígidas da vigilância sanitária e de controle de qualidade. Em virtude das particularidades desse momento de pandemia, uma boa dica é sempre que a opção for um pedido de comida crua e fresca, procurar comprar dos serviços conhecidos e tradicionais.”
E não esqueça: quando for pegar o pedido, mesmo que no portão de casa, você deve usar máscara, assim como o entregador também deverá estar com uma.