Saúde

Na linha de frente, eles correm o risco para garantir segurança

Desempenhando atividades consideradas essenciais, as pessoas por trás dos números e das máscaras também têm suas preocupações, anseios, mas, acima de tudo, o compromisso em servir a coletividade.

Por: Redação em 19 de maio de 2020

Teresinha é técnica em enfermagem da prefeitura e está todos os dias monitorando as pessoas que entram na cidade

Desde que a batalha contra o coronavírus começou no país, diversos profissionais atenderam o chamado e foram para a linha de frente fazer a sua parte e tentar conter o avanço do contágio na população. Garis, médicos, enfermeiros, policiais, guardas, frentistas, atendentes em supermercados e farmácias, motoboys, bancários e tantas outras ocupações não puderam parar e ficar em casa, cumprindo isolamento social.

Desempenhando atividades consideradas essenciais, as pessoas por trás dos números e das máscaras também têm suas preocupações, anseios, mas, acima de tudo, o compromisso em servir a coletividade.

É o caso da Teresinha, como gosta de ser chamada, que é técnica em enfermagem da prefeitura e está todos os dias monitorando as pessoas que entram na cidade de carro e também pela rodoviária de Cachoeiro de Itapemirim.
Com a implantação da barragem sanitária no bairro União, em Cachoeiro, todos os dias ela passa orientações e confere a temperatura corporal das pessoas que estão no carro entrando no município. Essa semana, a equipe da Revista Leia foi até o local para acompanhar um pouco do seu trabalho. São centenas de carros só no período matutino. E ela conversa com cada um, explica a importância de utilizar as máscaras, higienizar as mãos e antes de deixar o veículo seguir, confere a temperatura de todos os integrantes do carro.

O contato com centenas de pessoas é preocupante, mas não supera a vontade de lutar contra o coronavírus. “Começamos esse trabalho preventivo há três semanas. Pela manhã, fico aqui na rodovia. À tarde, vou à rodoviária. É cansativo, mas é o que a gente gosta de fazer. É a nossa função e a nossa cidade precisa da gente”, comentou Teresinha.

Devidamente paramentada, com todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), Teresinha toma todos os cuidados, trocando de máscara a cada duas horas, entre outras ações. “A gente se preocupa, mas é nossa missão”, enfatizou.

Quem também estava trabalhando na barreira sanitária era o Guarda Municipal Tanure. Ele disse que a população tem compreendido a importância dessa ação. “Quase todo mundo coopera. Poucos que demonstram alguma insatisfação. Em nossas fiscalização na cidade, no entanto, ainda encontramos muitas pessoas sem máscaras, bares funcionando fora do horário e capacidade permitidos, entre outras situações. Mas vamos fazendo a nossa parte nessa luta que é de todos”, disse.

“No futuro, vou olhar pra trás e ver que contribuí”

A enfermeira Cristiane Bittencourt Felício Santos, do Hospital Unimed Sul Capixaba, está atendendo pacientes que dão entrada com suspeita de coronavírus. Ela conta um pouco como tem sido essa experiência.

“Todo paciente suspeito de estar com a Covid-19 já é tratado desde o início, quando busca o primeiro atendimento, como se estivesse contaminado. Sendo assim, ao acompanhá-lo, adotamos todas as medidas recomendadas para a proteção da equipe de assistência. Mas, quando a suspeita se confirma, a gente sente o baque. Foi assim com a primeira paciente diagnosticada com a doença na Unimed Sul Capixaba, e que foi tratada e curada no nosso hospital. Senti medo no início, confesso. Fiquei com esse sentimento por uns dois dias, mas segui firme no meu trabalho. Vê-la se recuperar e receber alta foi a recompensa não somente minha, mas de todos os profissionais envolvidos no cuidado dela”, comentou Cristiane.

E acrescentou: “Hoje, o medo ainda existe, é natural. O que posso dizer é que desempenhamos as nossas funções com muita garra. No futuro, vou olhar pra trás e ver que contribuí e participei de forma direta de um momento tão importante para a saúde em Cachoeiro, do Brasil e do mundo”.

E dá um recado importante para a população: “Vamos ficar bem depois que tudo isso passar. Vejo que a qualidade da assistência prestada ao paciente é fator primordial para a sua recuperação. Há todo um trabalho de humanização sendo feito, até porque, na maioria dos casos, o paciente fica sozinho no hospital, sem acompanhante, por conta dos riscos de contaminação. E quando eles estão há muitos dias sem seus familiares, a tendência é ficarem tristes e abatidos, comprometendo inclusive a alimentação. É aí que entra a equipe multidisciplinar, cada um fazendo a sua parte, do médico ao nutricionista, para que o paciente recupere o ânimo e a confiança, tendo a oportunidade de se restabelecer, com todo carinho, cuidado e atenção das nossas equipes”.