Crônicas

O que o país quer

Os problemas são incontáveis, principalmente quando se vê o número de desempregados

Por: Wilson Márcio Depes em 2 de março de 2020

De volta do Carnaval, como alma que poderia estar lavada, mas não é bem assim: temos a chegada do coronavírus e uma grave crise institucional arquitetada pelo presidente Bolsonaro. No primeiro caso, o Ibovespa recuou 7% após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país. Foi, em verdade, a maior queda desde de maio de 2017, quando a Bolsa perdeu 8,8%. Bem, esse é um fato, no mínimo, para se manter coesão de todos os poderes. Mas não foi e não é assim. O presidente se acha amparado pela maioria do povo brasileiro e resolveu agredir os poderes constituídos. Um discurso, no mínimo, insano, já que ele pretende aprovar novas reformas no Congresso e o Poder Judiciário haverá de julgar uma série de mudanças. Pode ser até que ele tenha razão no tocante ao descrédito das ruas em relação aos poderes Judiciário e o Congresso. Ele se esquece, no entanto, que vivemos numa democracia e foram muitos anos de luta para redemocratizar o país. Se há descrédito com esses poderes, há também como ele, presidente. Ou ele acha que não? Não é aceitável, em hipótese, alguma que um presidente da República agrida a imprensa, como ele tem feito, em termos tão rudes, rasteiros e imperdoáveis. Saberá a importância da liberdade de imprensa ou imprensa, para ele, é aquela que aplaude o poder? Absolutamente não tem razão um presidente que ambiciona aplausos quando sobe ao poder para, toscamente, desenvolver todos os seus defeitos. Sei que, por algum motivo, seus eleitores descreem, irresponsavelmente, na democracia. Mas, convenhamos, existe uma negociação entre o trauma e o pesadelo. A história ensina e mostra o que foi e o que é uma ditadura. Não sei o que será das próximas eleições, sejam elas municipais ou federais. Mas a situação econômica do país haverá de ser, quase sempre, um indicador em direção aos votos dos eleitores. O presidente, antes de se considerar reeleito, deveria pensar nisso e cuidar do país com complexidade que ele possui. Os problemas são incontáveis, principalmente quando se vê o número de desempregados. O carnaval foi uma bela festa, mas passou uma gama enorme de mensagens sobre os nossos problemas na leitura do povo. Basta, pelo menos, que se saiba ler.