Saúde

Patrícia Leal: Nutrição com ciência e empatia

Para não pegar o caminho da dieta restritiva, é importante ter alguns pontos em mente. O primeiro passo é entender que dieta boa, é aquela que você consegue aderir e sustentar a longo prazo.

Por: Redação em 25 de janeiro de 2023

 

Quando me formei na faculdade de Nutrição, no final de 2010, não conseguia compreender como muitos insistiam em dietas padronizadas, que a meu ver, não davam resultado a longo prazo. Eu observava as pessoas começando e recomeçando novas restrições alimentares, dia após dia, exceções que as impediam de aproveitar um happy hour ou, até mesmo, de comer uma fatia de bolo no dia do próprio aniversário, na busca de um milagre nutricional.

Hoje, anos depois, compreendo a necessidade humana de se submeter a essas odisseias nutricionais, a busca por um padrão perfeito de beleza e estética.

Mas será que essa fórmula chamada “dieta” dá certo?

Foi com esse questionamento que comecei a expor minha forma de pensar nutrição e alimentação. As pessoas precisam saber sobre os riscos que as dietas restritivas oferecem, precisam saber que comida é algo muito maior que somente um emaranhado de calorias e nutrientes. Nesses anos de formada também descobri, o quanto as pessoas estão cansadas dessa angústia de não conseguir se manter em nenhum “regime”.

Mas dieta, sem dieta, como fazer?

Entendo que é difícil encarar a alimentação sem a velha dicotomia do “isso pode, isso não pode”. A medicalização da nutrição aliada a padrões estéticos cada vez mais duros faz com que as pessoas busquem e se cultivem bem autoritárias de consumo alimentar.

Para não pegar o caminho da dieta restritiva, é importante ter alguns pontos em mente. O primeiro passo é entender que dieta boa, é aquela que você consegue aderir e sustentar a longo prazo. Uma restrição pode até fazer você perder alguns quilos de maneira rápida, mas ela só será eficaz se você conseguir mantê-la por muito tempo, caso contrário, a balança volta junto no fim da dieta. Alguns estudos mostram que 80% das pessoas que fazem uma dieta restritiva reganham o peso, podendo inclusive atingir um peso maior que o inicial.

O segundo passo é entender porque você está numa dieta. Se alimentar bem é realmente fundamental para uma boa saúde. Muitas das vezes a busca pelo corpo “perfeito” nos faz adoecer mais do que nos cura. Algumas insatisfações físicas, que muitas vezes nos levam para o consultório, não se resolvem somente com dieta. Na verdade elas podem até piorar; já que dietas restritivas são gatilhos para o surgimento de transtornos alimentares.

E, por fim, é importante entender que, não fazer dieta, não significa comer de tudo, como se não houvesse amanhã. Comer bem depende de escolhas, mas escolhas que consideram aspectos da nossa vida, que vão além das calorias: cultura, vida social, saúde, mental, tipo físico e muitos outros detalhes que não cabem apenas em um plano alimentar. Eu simplesmente não gosto nem de usar essa nomenclatura, DIETA; esse nome por si só, já passa uma ideia de sofrimento, algo pesado, privação. Sempre gosto de enfatizar que precisamos é de uma alimentação saudável e equilibrada. Onde possamos nutrir nosso corpo em vez de adoecê-lo.

E é por isso, que eu, como nutricionista, busco trabalhar a Nutrição com ciência e empatia, levando em consideração sempre o Indivíduo, utilizando ferramentas para ajudar quem precisa mudar a relação com a comida, e não aguenta mais viver sob a angústia que dietas provocam.