Crônicas

Sororidade e empatia

Empatia foi o que vivenciamos com a amiga que sofreu grande perda, e o quanto foi significativo abraça-la e estar com ela no momento da dor de mães cujos filhos partem prematuramente.

Por: Marilene Depes em 4 de abril de 2022

Empatia foi o que vivenciamos com a amiga que sofreu grande perda, e o quanto foi significativo abraça-la e estar com ela no momento da dor de mães cujos filhos partem prematuramente. O sofrimento dela afetou a todas nós, amigas de laços recentes, porém de grande afinidade em se tratando de um grupo que partilha o que vai no profundo da alma. Ainda nos habita o sentimento da dor e o carinho que envolve as mulheres, em especial aquelas que buscam se conhecer e manter vínculo afetivo com as demais.
Tenho pensado muito na vida, acredito que se Deus nos permite continuar por aqui, enquanto muitos se vão tão jovens, algo especial ele nos reserva. Para mim, a maior vitória da longevidade é a experiência que vamos adquirindo com o passar dos anos. E a capacidade de observarmos ao redor e ter uma visão do entorno com até certa clarividência.
Há dias li em rede social o desabafo que partilho: “Não se levante em cima da queda de alguém. Não finja que está tudo bem porque você será beneficiada. Não se venda para ganhar estabilidade e status. Se for para ser seu, que seja, sem precisar desestabilizar o outro. O mundo não gira, ele capota”. E completo afirmando, quantas capotagens já assisti!
Gilberto Gil já cantava em sua música “Aquele Abraço”: “Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço”. Se é preciso articular e desestabilizar para se sustentar, o resultado desses atos serão colhidos, invariavelmente. E não são previsões, apenas constatações.
São palavras do mestre Jesus: “ Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Se é preciso manipular e dividir, penetrar num espaço de harmonia e paz e trazer divisão e discórdia, possuir uma meta e ir passando por cima do outro e da sua história, não valorizar o trabalho e sentimentos dos antecessores, as estratégias merecem ser reavaliadas.
Toda ação gera uma reação, toda manipulação gera uma desestabilização, se no caminho deixo terra arrasada, sentimentos feridos e discórdia, é propícia a oração de São Francisco: “Fazei de mim um instrumento de paz, de amor e união”. Se se tem uma meta e se pretende alcança-la atropelando Deus e o mundo, desista ou troque a tática. Segundo a famosa frase que se atribui a Che Guevara: “Há que endurecer-se, mas sem perder jamais a ternura”. Principalmente entre mulheres, em que a sororidade ou solidariedade são primordiais para o fortalecimento de gênero.