Crônicas

Super- heróis

Na infância, achava que a existência de um super-herói, poderia melhorar o mundo. Seria um mundo mais seguro e consequentemente mais alegre e feliz.

Por: Sergio Damião em 17 de novembro de 2021

Na infância, achava que a existência de um super-herói, poderia melhorar o mundo. Seria um mundo mais seguro e consequentemente mais alegre e feliz. Gostava e acreditava em alguns, especialmente Thor e Capitão América. Mais do Capitão América, acho que a preferência foi pelo fato de ter sido presenteado, pelo meu pai, em dia de aniversário por mais um ano de vida, com uma camisa estampada com o super-herói e seu belo escudo. Mas o Deus dos trovões, Thor, também me instigava. Vem da mitologia dos povos nórdicos, escandinavos. Povos da Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Filho mais velho de Odin, na lenda nórdica, quem deu vida e alma aos humanos. O martelo, o cinto da força e o par de luvas de ferro são as características e completam sua força e beleza. Na adolescência continuei acreditando e me alegrando com os meus super-heróis preferidos. E, com as revistas e filmes, outros eu conheci. Com o passar dos anos, com a leitura e a política, deixei de lado as figuras, as histórias em quadrinhos e comecei a acreditar nas palavras, nos discursos bem elaborados e textos bem escritos e elegantes. Com o tempo aprendi que o super-homem será formado pelo pouco que cada um possui e virá do conjunto da sociedade. Na Faculdade, lembro-me de uma figura emblemática na política nacional: Paulo Brossard. Um chapéu imenso se destacava. Discursava sobre fidelidade partidária, sobre o mandato parlamentar pertencer ao partido político. Nada mais lógico que o partido político seja dono e responsável pelo mandato. Não sei se, no passado, Brossard mereceu minha admiração, ou se foi mais uma das minhas ilusões da juventude. É frequente dizermos que as pessoas mudaram. Na verdade não mudamos, apenas revelamos aquilo que sempre fomos e por um tempo não deixamos que fosse visto. Após todas as decepções vividas, volto aos meus super-heróis. Volto ao sonho, ou pesadelo, pois meus super-heróis estão sob uma celeuma: envolvidos nas questões da sexualidade. Será que, para melhorar a sociedade, oferecer respeito, compreensão, proteção e carinho aqueles que se sentem necessitados, incluindo todas as nossas mulheres, precisamos envolver os heróis da imaginação das crianças e os da minha geração? Acho que não. Bem, enquanto a sociedade polemiza, adormeço com a inocência da infância, pelo menos terei as boas lembranças do meu pai.