Crônicas

Voltei a acreditar…

Tenho escrito sobre coisas amargas. Cheguei a pensar em perder a capacidade de sonhar, o que seria o desastre total. Em meio ao caos, me aparece a solidariedade às vítima do Rio Grande do Sul.

Por: Wilson Márcio Depes em 13 de maio de 2024

Tenho escrito sobre coisas amargas. Cheguei a pensar em perder a capacidade de sonhar, o que seria o desastre total. Em meio ao caos, me aparece a solidariedade às vítima do Rio Grande do Sul. Que é, afinal exemplo para o país em geral. Uma lição que serviu – e serve – para um país que parecia completamente dividido. Explicando com mais ênfase: dos 336 dos 497 municípios gaúchos em estado de calamidade pública, centros urbanos submersos, cidades isoladas, infraestrutura comprometida e milhares de moradores sem água e luz, ficou demonstrado que não pode haver espaço para burocracia ou desentendimentos que dificultem a assistência às vítimas e a reconstrução.
Mas, sem dúvida, como diz o editorial de O Globo, tem sido comovente o movimento de solidariedade que se espalhou pelo Brasil, com doações e iniciativas de toda sorte para levar alívio à população atingida. Dir-se-á que precisa destacar, com ênfase, a louvável a união de forças dos três Poderes para ajudar os gaúchos. Vejam se isso é possível – escrevo às terças – no domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para o RS numa comitiva que incluiu os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, além de vários ministros de Estado.
Ou seja: políticos de todos os matizes em solidariedade humana. Acreditar nisso, diga-se, só vendo. Um país mergulhado em relações completamente tóxicas, com extremismo, unido para auxiliar um estado com 884 mil sem água, moradores não conseguem cozinhar e fazer higiene, e recorrem a bicas. É preciso que se diga que passamos pela mesma situação aqui, principalmente no município de Mimoso. E a reação foi a mesma. Até hoje continuamos solidários.
Dizem os mais céticos, que era esperado autoridades comparecerem a áreas afetadas por desastres — especialmente em ano eleitoral. Mas, num país às voltas com um clima tóxico de polarização, não deixa de ser esperançoso. Prova, sem dúvida, de maturidade. Que esses ventos de solidariedade posam presidir as nossas ações, sobretudo política.